sábado, 25 de fevereiro de 2012

Balé de brisas





Balé de brisas
afagos no vôo do condor
em meio a dança das arraias
um novo poema
para um grande amor

Ouço o teu sussurro
em meio as borboletas
entre elas, tu se faz fada,
musa, ninfa
e tento compor
teus lindos mosaicos
com o cinzel das letras

Sinto o teu perfume
entre as azaléias,
a maciez da tua pele,
nas pétalas sedosas, me engolfar
como em um lírico
mar de ninféias

Tu és flor graciosa,
em haste delicada,
suave, formosa

flutuas com a brisa
e teu sorriso de ternuras,
criva-lhe n'alma, 
pétalas ardorosas,
vertiginosos espinhos de bálsamo,
qual nívea rosa dengosa.





DAVI CARTES ALVES








quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A razão





A razão é um elástico
vê se consegues não a esticar muito
 para não rebentar”

 


Vergílio António Ferreira














coração





chuva de pólen
caindo no telhado
e o meu coração podado
querendo se molhar





monjolo







Querer vestir-se
 com as tuas dores
querer ser balsamo  pra sua alma
orvalho revigorante
para teus exaustos sensores
 
saudade
quando a tua chuva não beija á tempos
as searas ressequidas
e o vazio das tuas mãos ausentes
a esmurrar-me já nas cordas
 impiedosamente

resta recolher resignado
espalhados pelo carpe,
sem mais o pulsante brilho,
estilhaços
 de um coração de acrílico

arde n’alma a angustia
quando não podemos reter o azul
e o crepúsculo chega vestido de lírio
pingando fogo
vazando delírius

e derramando 
laminas famintas
em vão
os olhos suplicarem
 teu colírio

abraça-me a sensação
de “contornos sem essências”
ali bem perto do
coração estilhaçado.





DAVI CARTES ALVES









Suave presença








Ah! Sua presença!
Quão maviosa!
Chegar assim
nesta doce intimidade solar
trazendo nas suas asas de amor
a fagueira calmaria do mar

como derramas n’alma
sob densas matizes
sua generosa cesta de cores.
És tão leve, tão luz, quão linda!
a pousar e repousar teus afetos
sobre os meus mais tênues sensores

faz-se toque entre cílios
feixe de gérberas
caldo de luar
reinventa num sopro melífluo
novas nuances para o verbo amar

faz-se beijo de brisa
cantinela de riachos
langoroso esvair-se da onda na areia
num que de ofertar

faz dos teus mansos fulgores
em minhalma,
um perene palpitar.

São as luzes das rosas
que iluminam tua alma?
Tormentas raivosas recuam
ao teu pedido de calma

Tu me fez ver na queda
suave passo de dança
fez da tola ambição
e da nociva prepotência

  pura  ternura de criança.




DAVI CARTES ALVES













sábado, 18 de fevereiro de 2012

delítos, delíquios & delírius de um mar brincalhão






Esvai-se o véu sonoro
cantando em chamas
ao silêncio lúgubre do farol
mantras em mantas de hissopo
purificando doridas claves d’alma
restos de alvorada
para uma legião de tensas procelas
dissolvem-se as borrascas
ante a força de um pensamento
mas elas retornam em laminas
e cimitarras famintas
há volatilidade nos mares de dentro
quando os sonhos porejam o amor
quando n’alma
rochedos suplicam tuas cores,
suaves marés
sem volta
versos soprando quimeras

em conchas pulsantes, escarlates
colchéias em litorais abandonados
tua voz , doce realejo à maresia
sumindo em asas de areia
a imagem do teu sorriso
brinca no balanço das vagas
impresso na vastidão do mar,
irrequieto mar
intenso mar

triste mar,
 
de dentro.



   DAVI CARTES ALVES







quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

das nuvens





das nuvens
 derramavam-se lírios
o mar ardia em suspiros
os corpos engolfados em delírios
na lua mui beijos oníricos
uns braços a enlear-se
quão líricos