domingo, 6 de outubro de 2019

Marechal Rondon




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Cândido Mariano da Silva Rondon - Marechal Rondon



Em 2015, o Brasil comemorou os 150 anos de
nascimento de Cândido Mariano da Silva Rondon, mais
conhecido como Marechal Rondon, militar e sertanista brasileiro
que desbravou as regiões Centro-Oeste e Norte nos séculos 19
e 20. Por causa das expedições que comandou, passou a ser
habitada a região onde está situado o estado de Rondônia,
assim denominado em sua homenagem.

Rondon nasceu em Mimoso (MT), no dia 5 de maio de
1865. Descendente, por parte de mãe, dos índios terenas e
bororo, e por parte de pai, dos índios guanás, logo ficou órfão,
sendo criado pelo avô. Depois de sua morte, transferiu-se para
o Rio de Janeiro e ingressou na Escola Militar. Depois de se
formar bacharel em Ciências Físicas e Naturais e tornar-se
tenente, em 1890, foi transferido para o setor do Exército que
implantava linhas telegráficas por todo o país.

A partir daí, durante quase vinte anos, Rondon viajou por
todo o Brasil implantando o telégrafo e eventualmente abrindo
estradas. Nessas viagens, ele frequentemente encontrou tribos
indígenas que não tinham contato com a civilização e,

aos
poucos, desenvolveu uma técnica de aproximação amigável.

Rondon contribuiu também para o reconhecimento e
mapeamento de grandes áreas ainda inóspitas no interior do
país. A partir daí, levantou dados e informações de mineralogia,
geologia, botânica, zoologia e antropologia. E encontrou, em
1906, as ruínas do Real Forte do Príncipe da Beira, a maior
relíquia histórica de Rondônia.

Em 1910, organizou e passou a dirigir o Serviço de
Proteção aos Índios, que viria a se tornar a Fundação Nacional
do Índio (Funai). Em 1952, propôs a criação do Parque Indígena
do Xingu e, no ano seguinte, inaugurou o Museu Nacional do
Índio.

Rondon morreu em 1958, no Rio de Janeiro, com quase
93 anos. Dedicou a vida a promover a colonização do interior do
país, pacificando e tratando os índios. Ficou conhecido pelo
lema indigenista:


 “Morrer se for preciso, matar nunca”.



(Adaptado de: “Congresso comemora na próxima semana os 150
anos do Marechal Rondon”. Agência Senado.
www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/04/30/congresso-comemora-
na-proxima-semana-os-150-anos-do-marechal-rondon









terça-feira, 13 de agosto de 2019

Com pé e cabeça










Após a guerra,
é bom deixar tudo melhor do que era.
As pessoas esquecem: 
por si mesmas as coisas não se mexem. 
Melhor tirar todo esse lixo,
assim os carros passarão em seu cortejo mortiço.


Abram caminho
pela lama de sangue,
entre as cinzas rubras,
as molas dos sofás vermelhos,
os cacos de vidro rubi,
os trapos carmim!


Tirem este poste daqui,
levantem as paredes aqui,
envidracem as janelas ali,
ponham as portas em seu devido lugar!


Essas tarefas não dão um bom documentário
e as equipes de TV
precisam de fatos novos para sobreviver. 
Nós não, nossa vida tem pontes,
estações de trem de ida e volta.


Arregaçamos o tempo
e puímos mangas de camisas
em movimento.
O homem da vassoura quase sem cerdas
varre a memória
e lembra como foram sangrentos os fatos.


Um passante ouve e assente
com a cabeça, a salvo.
Os mais próximos acham
que a história está mal contada
e bocejam seu tédio atávico.


Aqui e ali, outros desenterram velhas evidências
e arrastam-nas para o lixo.
Os que sabiam em detalhes
cederam lugar aos que sabem pouco.
E aos que sabem menos ainda.
E àqueles que nada sabem.



Até que alguém, distraidamente,
sobre a grama que já cobriu causas e efeitos,
deite-se com um capim nos lábios,
o olhar perdido nas nuvens
a sonhar novamente com estrelas!




Wisława Szymborska
por antonio thadeu wojciechowski






domingo, 20 de janeiro de 2019

Ligya Fagundes Telles . Janeiro 2019






Ligya Fagundes Telles - 1.945





"(...)Quero te dizer que nós as criaturas humanas, vivemos muito (ou deixamos de viver) em função das imaginações geradas pelo nosso medo.

Imaginamos consequências, censuras, sofrimentos que talvez não venham nunca e assim fugimos ao que é mais vital, mais profundo, mais vivo.

A verdade, meu querido, é que a vida, o mundo dobra-se sempre às nossas decisões.(...)"



trecho do livro — As Meninas.






Repassamos nosso olhar em mais e mais admiração e carinho 
aos seus 95 anos
 querida Ligya Fagundes Teles .









 Lygia na inauguração da Fachada do Edifício da Academia Paulista de Letras ocorrida no dia 19 de outubro de 2017.





O que é ser um escritor ? - Rinaldo de Fernandes






A imagem pode conter: texto e água





Às vezes as pessoas pensam que a fala do escritor é a de um sujeito inteligente. Elas querem ouvir uma inteligência insultando seus ouvidos com frases de efeito, espirituosas. Eu poderia dizer frases espirituosas. Por exemplo: “eu não sou escritor, eu sou uma pedra; ah, uma pedra, que coisa mais insossa para um chute!”. Não é bonitinho, isso? Uma pedra insossa, um chute... Parece de fato uma coisa inteligente. Mas não é, não. É apenas um trocadilho, um jogo de palavras.

Às vezes se pensa que o escritor conhece muito a vida dos afetos. É alguém que traz no bolso uma definição certeira do que seja o amor, os sentimentos todos. Eu posso estirar aqui uma frase enorme sobre o amor: “o amor é um confronto mais de angústias do que de soluções – alarma mais a alma do que abranda...”. Não é uma longa frase de efeito? Não é até poética, rítmica, com suas assonâncias? É, mas não diz nada além do que é dito ou sabido por teu tio mais carrancudo.

Por vezes ainda o escritor parece saber a receita de como tirar do país todo o infortúnio; parece tirar do bolso a melhor explicação para os problemas das gentes, apontando as iniquidades, deslizando para as platéias soluções suculentas. Verdadeiras desforras contra os poderes de plantão. Porém, no mais das vezes, retórica pura, bom manuseio de palavras para encantar desavisados.

Porque o escritor se realiza mesmo é na obra, no texto. É no texto que ele organiza os seus sentimentos e pensamentos que, se bem expressos, se bem organizados numa estrutura, numa forma eficaz, vão calar fundo no leitor. Vão movê-lo ou removê-lo do que é reiterado cotidianamente pelos discursos dominantes.

O fim de toda escrita literária é encontrar uma forma de dizer. É achar o melhor ritmo, a palavra salvadora da frase, o parágrafo que se veste de brilhos.

Creio que encontrei uma forma para falar da vida de Rita. Creio que – e os mistérios da criação talvez expliquem – consegui estruturar uma narrativa que, passados 9 anos de sua publicação, prossegue despertando interesse, incomodando leitores, provocando debates, pesquisas. Diria até – apaixonando alguns. Por que os leitores gostam de Rita? O que tem essa personagem que atrai tantos? Eu não sei por que as pessoas gostam tanto daquilo que é escuso, recôndito, em nós – e que, quando revelado, traz alívio. 

Não sei, mas parece que aí reside, em literatura, uma cumplicidade do leitor com o escritor. O escritor puxa o que é escuso de dentro de nós, puxa o irrevelável, o oculto (e que queremos sempre manter oculto), e o publiciza. 

E mais: o publiciza através de uma forma, de uma organização de palavras, de uma linguagem que provoca prazer. É, por assim dizer, o horror prazeroso. O leitor gosta do escritor porque o vê como um cúmplice que foi capaz de dizer o que disse e da forma que disse. Acho que é por isso que Rita me trouxe tantos amigos – a perturbação dela é a de tantos. Muitos nela se reconhecem. Há pessoas que entendem que eu extraí de Rita angústias ou patologias que moram dentro delas. E não é por isso que gostamos de certos personagens? No fundo, gostamos porque eles são o que somos – e isso, repiso, alivia a nossa loucura. Saber que não estamos sós no mundo com as nossas loucuras nos abranda mesmo.



Rinaldo de Fernandes




sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

... com suas mãos salobras








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Amanheceu
os barcos vieram
sentimos o cheiro dos peixes 
recém colhidos
o cheiro do pão
saído do forno de barro
que a velha amassou
com suas mãos salobras
farejamos no ar
o tempo de fazer
do grão e da areia
o saber [oculto entre as águas]
o mar vai
o mar vem
em feixes líquidos
lavando o mal
fabricando
parindo
filhas e peixes do sal
silenciosamente


[um talismã]





Jussara Salazar