domingo, 29 de maio de 2011

Amor evanescente





 Estrondosa
 é a debandada
dos guinus
fugindo das intempéries
do Kalahari
e nas revoadas
passaredo marchetando as nuvens
de esmeralda
que brilham
nos céus dos teus olhos
agonizantes
com os versos
em chamas
a chuva leve
o trem partindo
as mãos
que rompem-se
do amor
na complexa arquitetura
das catedrais
que possuem a tua imagem
reverenciada
na beleza dos vitrais
o sol derramando
com luminescência
das rosas 
tuas cores, tua vozes, sorrisos
teu calor
mais distante
o mar, a praia
a areia e as moitas
cobrindo

“ estátuas derrubadas
de nós”




DAVI CARTES ALVES






sexta-feira, 27 de maio de 2011

A imortalidade do amor




 
Tua boca
tem sopro doce de luar
mas em minha alma
conjuga em chamas
o verbo amar

teu beijo
tem o mel da imortalidade
faz a alma sublevar
entre as suaves sensações
da tenra idade

teu corpo
és bojo macio de tulipa
a recender frescor
de magnólias apaixonadas
banhando em luminoso paraíso,
meu taciturno mausoléu

faz-me sentir-se como Hermes
altaneiro, irrequieto
a levar recados
entre a terra e o céu

hoje minhas borboletas tagarelas
sonharam novamente contigo
e acordaram
cochichando em rubor
que só mesmo
dos teus beijos maviosos
flui o mel do paraíso.


 
DAVI CARTES ALVES



imagem - Google
O Beijo de Eros e Psiquê - Louvre

















quarta-feira, 25 de maio de 2011

Em meio a um balé divinal






Em meio
aos teus labios & encantos
sinto-me flutuar em espiral
na cadência de milhares de arraias
em meio a um balé vertiginoso,
divinal


DAVI CARTES ALVES






quarta-feira, 18 de maio de 2011

When the night falls







She is a sad and lonely girl, she studies in a big College, she rarely speaks, she has a deep and distant look, she just smiles when she feels the touch of a butterfly on her skin, the same feeling of a sunny afternoon, she looks kindly to it , its colors, its sweet and light flight, with no hurry and without the problems that bothers her a lot.

She loves to write at night , about the flowers, about the colorful butterflies, it is where she meets herself with the doubts and answers to her own problems.

She sleeps a few minutes and dreams with the rain softly falling among colorful and musical drops , she dreams of the happiness of flying in other worlds, where a strong and kindly prince, with his long and golden hair, recites sweet poems of love, her sea of love, deep sea, and her sky becomes a colorful one, an amethyst sky, that beautifully shines in her eyes.

But, She awakes softly, she returns to her reality, she always cries when she sees the moon dying in her amethyst sky, with her dreams of love.

She has a secret,
 
during the intense moonlit nights when the moon comes up, she turns into a neon butterfly, and flies to inhabit other dreams,
 
 painful dreams of impossible love.
 
 
 
 
by  DAVI CARTES ALVES
 
 
 
 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sério?? Não me diga!!!




Um cemitério de rosas negras








Naquele vale em coleante declive
crescem belas, porém lúgubres,
rosas negras
amiúde, surgem em suas pétalas
manchas de lágrimas ressecadas

Dizem ter existido ali
um antigo cemitério abandonado
cuidado apenas
por uma velha senhora
cujos filhos foram sepultados,
junto com
outras mães resignadas,

símbolo
de esperanças mutiladas
pelo anjo negro da intolerância
com sua balança “equitativa”
com pesos enchidos de covardia,
e de uma prepotência totalitária

podaram-se os rebentos matriarcais
não vi correr por esses gélidos campos
a pequena Godveliskaia
 e seu sorriso efusivo
fácil e cativante,
tão generoso em sua mãe

não vi caçar por esses vales
o pequeno Adriansakov
e a mesma intensidade e disciplina
de seu pai na sua coragem
qual destemido visionário
por uma Polonia soberana

Jamais verei as crianças
de Teofilia Serova, Angelina Vitalitherbo,
Ilena Tsvenikovia,
Vera Petrova, Selena Padkopaieva,
mamães levadas da Ucrania
em trens transbordantes,
e suas mãos acenadas em desespero
por inúteis acenos suplicantes,

jamais verei os novos irmãos de Karamazov
as lindas bisnetas de Anna Karienina e Vronski
o filho bastardo de Raskolnikov e Sonia
todos ceifados pelo lépido e voraz
anjo negro da intolerância

e sua balança “equitativa” ,
com pesos enchidos de covardia,
e duma prepotência totalitária
a voar num céu de mares de chumbo
onde gritos de inocentes reboam,
num silêncio insuportável
nos confins de uma Sibéria
e sua convalescença incurável

Naquele vale em suave declive
havia um antigo cemitério
ao ver a noite densa 
sobrepujar uma tarde fria e cansada
eis uma anciã de fronte vincada
sombria , encapuzada,
por fina garoa engolfada

e segurar numa oração balbuciante,
uma esquálida rosa negra
por suas lágrimas acariciada,
e numa lápide ilegível e disforme
tem suas pétalas derramadas.







DAVI CARTES ALVES








" As famílias felizes
parecem-se todas,
 as famílias infelizes,
são infelizes
 cada uma à sua maneira "


 Léon Tolstoi
no romance -  
Anna Karienina















O protesto das joaninhas






Em sinal de protesto
informou-me o bombado zangão
que as joaninhas do pomar
colocaram tiarinhas pretas
porque você disse que não virá
no próximo verão


DAVI CARTES ALVES



segunda-feira, 9 de maio de 2011

James Joyce





" Meu corpo, porém,
era uma harpa
cujas cordas vibravam
às suas palavras e gestos."



trecho do conto - Arábia
   in " Dublinenses"

imagem - Gisele Freund





domingo, 8 de maio de 2011

sábado, 7 de maio de 2011

O livro era tão envolvente ...





Imagem
Jillian Tamaki


Angel







Manhã de primavera
sem flor, sem aquarela
tuas cinzas esfarelas
nos céus do meu olhar

olhar
do farol quieto e soturno
como um gigante leve
irmão dos pássaros e das vagas
cativando os silêncios d'alma

alma
do cata-vento sem espadas
 das magnólias desprezadas

do vaga-mundo desmundado
andarilho sem rumo-trilho
de olhos baixos, fugidios
 sem mais 
aquele intenso brilho

brilho
da noite banhada em neon
qual lua longa de asas quietas
um convite a vôos distantes
foi assim que ele caiu das nuvens

com "o peso de uma rosa de espuma"





DAVI CARTES ALVES



























quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sinta o sorriso das crianças






No sorriso de Milena
sinto a pureza da alfazema
como se ela derramasse
de sua própria corola
do seu cálice floral
em alma vincada, ressequida
o doce perfume curativo
de uma tenra açucena


O sorriso de Milena
inibe de mim a tristeza
qual doloroso eczema
reprime de mim a melancolia
Ó excruciante edema!

O sorriso de Milena
é como a própria Mileninha
róseo floquinho de neve
intumescido de ternura
que pousa plácido, brando n’alma:
Pluft , Ploc!


Limpando do coração,
toda dor, toda tristeza,
toda amargura

É assim o sorrisinho de Milena
doce caricía n’alma
como um beijo suave, querido, fagueiro
de brisa que vem do mar em fim de tarde
gentil, tépida,
serena

 
bálsamo paliativo, instantaneamente ativo
de delicados e enternecidos lírio brancos
salpicados em abraço pueril
matizando a alma
em assomos e assomos de regozijo
mergulhando-a,
em puro jubilo primaveril

hoje senti falta
do alvo e cândido
sorrisinho de Milena
gracioso colarzinho de aljôfar
ciranda efusiva
de alados floquinhos de neve
hoje não os vi, hoje não os senti


que pena!




 DAVI CARTES ALVES



A Mileninha é filha de um casal de amigos
uma graça



 



domingo, 1 de maio de 2011