sábado, 31 de março de 2012

Nas manhãs






Que terno anjo
musicou teu sorriso
para ouvi-lo
nas horas de calma

para senti-lo
nas manhãs
de minh'alma? 





DAVI CARTES ALVES












Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis







A IRONIA E A CRITÍCA  DE BRÁS CUBAS A SOCIEDADE

É por meio de fracassos amorosos que o narrador, o próprio Brás Cubas, que se intitula defunto-autor, expõe a condição em que a sociedade encontra-se: podre como um verme.

 O morto Brás Cubas já saúda o leitor na abertura da obra com a seguinte fala: “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas”.


Brás cubas  critica  a sociedade burguesa, a escravidão, os preconceitos, a hipocrisia social, trabalhando todos os assuntos com uma linguagem direta, clara, com uma intrínseca ironia,  facilitando a leitura e chegando diretamente ao leitor. Há uma abordagem objetiva da realidade.

 É nítida a predominância dos personagens sobre o enredo, da caracterização desses personagens sobre os fatos, interessando mais o detalhe das reflexões, o aprofundamento psicológico, que as ações; trabalhando o presente, retratando o cotidiano, o pensamento, emoções, desejos de homens e mulheres próximas e perfeitamente identificáveis na sociedade.

Isso fica bem evidente na personagem Marcela , com a qual , Brás Cubas se apaixona aos dezessete anos, uma mulher frívola, interessada muito mais no ouro, na riqueza, na ascensão social, que no amor. Ela brinca com o amor do garoto, dosando seus carinhos de acordo com o presente que Brás Cubas trazia.

Ademais, se faz notar em pronunciado relevo  a crítica irônica à sociedade, expressa pelo narrador nas suas reflexões.

Esta Ironia a sociedade carioca, provinciana e hipócrita, Machado faz ao  disseca-la, abrindo portas e janelas, deixando entrar a luz forte, dolorosa às vezes, da verdade, da realidade, mostrando o verdadeiro rosto das pessoas, deixando de lado as máscaras, os disfarces que eram usados para viver socialmente.

Brás Cubas é, então, um narrador que, por meios não explicados, consegue narrar sua vida desde as sombras do túmulo, depois de enterrado e devorado pelos vermes. È um narrador frio, distante, sincero, totalmente independente, analisando com agudeza sua existência terrena e aquelas pessoas que fizeram parte do seu dia-a-dia.

. Escreve ele, referindo-se ao seu primeiro grande amor: "Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis..." Nada tem de romântico esse amor, sustentado com presentes caros, alimentado com muito dinheiro, medido pelas riquezas que o pobre jovem Brás Cubas podia depositar no colo de Marcela.

Sem resquícios de piedade, assistimos a um espetáculo de puro egoísmo. Brás Cubas é um ser humano egoísta, que usa sua inteligência para alcançar seus objetivos vazios e mundanos. Em vários momentos somos surpreendidos pela sua ação egoísta e despreocupada com o sofrimento humano. Inicialmente sente interesse por Eugênia, que ele chama de "a flor da moita", mas logo foge dela, por ser pobre e coxa. Com certeza, as outras personagens não são o cúmulo da nobreza nem o melhor exemplo de humanidade.

 Como um hábil cirurgião, Machado de Assis, abre o corpo inquieto da sociedade, passando por diferentes partes, chegando ao âmago, à alma, ao mais profundo, revelando na maioria das personagens um vazio imenso, existências sem propósitos, vidas movidas pelo simples desejo de ter, de aparentar ser, de dominar ao próximo.

Parece não existir limites para a crueldade, o egoísmo, os interesses obscuros, os desejos ignóbeis, o agir unicamente visando seus interesses pessoais, sem importar-se com o próximo.

Portanto, termina assim a história, encerra-se assim o romance. 

Resta uma sensação de desalento perante um homem que, ainda depois da morte, ou talvez por isso, não encontra naquela sociedade mesquinha, marchetada de lantejoulas e falsas aparências,  motivos para acreditar na vida.




 

segunda-feira, 19 de março de 2012

sobejo




Eis que oscilo
  entre musa e cortesã

e sinto
pressinto, finjo
do azul ao avelã

o desejo de poder
no sobejo do teu ser
minha sombra refletir
 
versos do blog : sobomarazuldeadria.blogspot.com
 
 
 
 

sexta-feira, 16 de março de 2012

Bondinho da leitura





Curitiba - Paraná - Brasil





Morango Sardento





A atriz norte-americana Julianne Moore estreia na literatura com um livro autobiográfico: Morango Sardento traz a experiência de infância desta ruivinha admirada mundialmente. A edição brasileira conta com a participação de outras duas atrizes importantes: Fernanda Torres assina a simpática tradução e Debora Bloch – que também foi um “morango sardento” – escreveu o texto de quarta capa. Envergonhada pelo apelido de “morango sardento”, a protagonista do livro experimenta até tomar banho com suco de limão para tentar eliminar suas sardas. A autora conta como fez de tudo para se livrar não só das pintinhas, como da autorrejeição. A ilustradora vietnamita LeUyen Pham acrescenta humor às cenas.

Morango Sardento
mostra que, para “viver feliz para sempre”, é preciso se aceitar, com suas sardas e seu cabelo vermelho. Afinal, “quem liga para um milhão de sardas quando se tem um milhão de amigos?”. Debora Bloch concorda: “Quando a gente é criança, sempre pensa que é melhor ser diferente do que a gente é. Mas quando cresce, descobre que tanto faz”.






quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulher, parabéns pelo seu dia!






Que as forças do bem 
se multipliquem
no firme  propósito de defender
 meninas, moças, mulheres
de toda falta de amor,
  respeito e dignidade.





domingo, 4 de março de 2012

Compor é sempre um deleite









O farol






O farol quieto e soturno
como um gigante leve
irmão dos pássaros e das vagas
cativando os silêncios d'alma




DAVI CARTES ALVES








crepúsculo





 O crepúsculo matutino
flamba as nuvens em saudades
arrebol de estrelícias
bordando origamis de luz
  mel dourando o nosso amor
  na melancolia das horas




DAVI CARTES ALVES






sábado, 3 de março de 2012

coruja suindara







"  (...) que mesmo como coruja era , de tristes gargalhadas, 
porque a suindara é tão linda, 
nela tudo é cor, 
que nem tem comparação nenhuma,
 por cima dos riscos,  
        sedas de brancura " 

" a gente se comportava, de parar ali, envelhecendo os dias" 



" cabem é no brilho da noite, aragem do sagrado, absolutas estrelas"




João Guimarães Rosa - Grande Sertão Veredas






quinta-feira, 1 de março de 2012

fragmento










 " o mar lânguido e oleoso
  o ruído das ondas ouvidos de vez em quando,
era um verdadeiro prazer,
        como a voz de um irmão,
seu pavilhão despejava flácido
     e o sol, as vezes,  mergulhava tudo isso 
num súbito brilhar"

 ... a noite, 
quando o demônio do desejo arde por todas as estrelas... "

 
                         
                      Joseph Conrad - O coração das trevas