Vai Embora Tristeza

O vento traz um cheiro de alegria
E avisa que o amor pode chegar
Vai embora tristeza eu preciso sonhar
Vai embora tristeza 

tô querendo amar

Faz tempo que não sinto a magia
Da brisa de um amor em frente ao mar
Vai embora tristeza eu preciso sonhar
Vai embora tristeza 

tô querendo amar

Chega de tanta amargura 

vem meu amor com ternura
Manda pra longe a dor

me abraça e me cura

A lua cheia é quem chama

a areia parece uma cama
Vem fazer acender no meu corpo

a verdadeira chama

Incendeia meu coração 

traz de volta a emoção
E depois você diz assim que 

é o amor que nasceu pra mim

Incendeia meu coração

 traz de volta a emoção
E depois você diz assim 

que é o amor que nasceu pra mim

Arlindo Cruz

Da cantilena de um monjolo

Versos bordados em rendas

estrelas nuas em couro

beijam-se ás brisas, em fendas

gotejam lágrimas d’ouro

tuas lindas imagens

minhas sendas

derramadas

da cantilena de um monjolo

disseca num fino vaso

buquê de pálidos aforismos

noutro

minhas ninféias roxas

tem um choro balbuciante

no fel dissonante das horas

gravetos úmidos na invernada

suplicando dóceis lareiras

quando fende-se a ferida profunda

no encontro dos lagos quietos

meus belos sonhos diletos

não fossem díspares

os nossos

posto que o mel da tua alma

não quer secar dos meus ossos.

 

DAVI CARTES ALVES

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SUBLIME I

mais puro que o vôo da corda
mais corda que a vida do vento
mais vento que a asa da lira
mais lírica que a prosa da pétala

mais pétala que a pluma dos dias
mais dias que o desejo do tempo
mais tempo que o acorde de sol
mais sol que a vontade de chuva

mais chuva que a sede de água
mais água que o verde da uva
mais uva que o veludo da veia
mais veia que a calda da lava

mais lava que a terra do fogo
mais fogo que a língua na boca
mais boca que a fome no corpo
mais corpo que a dança do sangue

mais sangue que o ouro da pedra
mais pedra que estátua de seda
mais seda que sonho de mel
mais nuvem que rosas no céu

mais céu que o fundo do azul
mais azul que os olhos de deus

  

  

poema de:
 

Monica Berger

Inverno Dentro dos Tímpanos

" Francisco,

 o que se perdeu nos pássaros"

" Naquele bairro fantasma

a solidão anda em bandos"

" o lábio inferior carnudo e saboroso

    como um sol que sangra"

  " no final da chuva , 

os pingos tornam-se pássaros

Luiz Felipe Leprevost

Sou

Sou enigma para uns
Para outros sou quem sou
Sou poeira... sou fumaça
Sombra que o espelho guardou

Sou grito sem o eco da sorte
Fragmento de magia
Água do mar sem o seu sal
Letra sem melodia

Sou frases inacabadas
Os suspiros sem seus ais
Sou estrela rabiscada
Num céu escuro demais

Sou o Sul e sou o Norte
Sou o ponteiro quebrado
Do relógio já guardado
No passado de alguém

Em meio aos belos poemas da Alcy 

 ( Colega do Recanto das Letras )

Escolhi este

Outono

 

Ou to no  céu

Ou to no  mar

céu de amianto

a garoar

Ou to no  céu

Ou to no  mar

ventos e folhas

em teus caracóis

a emaranhar

Ou to no  céu

Ou to no  mar

eis que minh'alma

 aconchegar

entre os espelhos

do teu olhar

DAVI CARTES ALVES