quinta-feira, 27 de junho de 2013
terça-feira, 25 de junho de 2013
Junho
Junho
O silencio dos pássaros
a quietude das árvores
o murmúrio dos rios
d’alma
Junho
Junho
os horizontes infinitos
as vastas brancuras
Junho
das chuvas incessantes
em que os miseráveis
rangem os dentes
ou apenas gengivas
toldos não bastam
marquises em vão
novos dias,
velhos algozes
velhos algozes
Junho
folhas úmidas na invernada
suplicam dóceis lareiras
longos desertos de cobre e amianto
marchetam os céus
longos desertos de cobre e amianto
marchetam os céus
Junho
não terá meu coração
o agasalho das tuas mãos tépidas
não usufruirá minh’alma
a luz que aquece
dos teus lindos olhos fagueiros
mais um junho
sem você
saudade
quarta-feira, 19 de junho de 2013
as janelas se abriam
as janelas se abriam sobre uma erva de sonho
confundidas entre os cursos da água
no calor dos tijolos selvagens
encharcavam no vinho
os espessos triunfos de poentes partidos
em breve a dor já não estará viva
e o último luar ceifará e sua emoção
e a dura amizade que uma mola em tensão
ligava à sua sombra
– eu era apenas sua sombra -
Tristan Tzara
Ícaro
Com que então pertenço aos céus?
Não fosse assim, por que é que os céus
Me olhariam assim com seu eterno olhar azul,
Me chamando, e à minha mente, mais alto,
Sempre mais alto, sempre mais acima,
Me chamando sempre para o máximo,
Para alturas que homem algum imagina?
Por que, estudado o equilíbrio
E o vôo planejado até a última minúcia,
Até não haver margem para o infortúnio,
Por que, até aí, deve a ânsia de subir
Ser associada à insânia?
Nada nesta terra vai me ver satisfeito;
Novidades do mundo, logo monótonas;
Algo me chama lá em cima, para cima,
Cada vez mais perto da faísca do sol.
Não fosse assim, por que é que os céus
Me olhariam assim com seu eterno olhar azul,
Me chamando, e à minha mente, mais alto,
Sempre mais alto, sempre mais acima,
Me chamando sempre para o máximo,
Para alturas que homem algum imagina?
Por que, estudado o equilíbrio
E o vôo planejado até a última minúcia,
Até não haver margem para o infortúnio,
Por que, até aí, deve a ânsia de subir
Ser associada à insânia?
Nada nesta terra vai me ver satisfeito;
Novidades do mundo, logo monótonas;
Algo me chama lá em cima, para cima,
Cada vez mais perto da faísca do sol.
trecho de Ícaro, por Yukio Mishima
Soneto
Eu preciso de música que flua
nas pontas finas, frágeis dos meus dedos,
nos meus lábios amargos de segredos,
com melodia líquida e nua.
Ah, a antiga ginga sã e crua
de uma canção que aos mortos dê guarida,
água que me cai sobre a testa erguida,
o corpo febril, um brilho de Lua!
A melodia pode enfeitiçar:
magia calma, respiração pura,
um coração que afunda no abandono
da mansa, escura imensidão do mar
e flutua pra sempre na verdura,
amparado no ritmo e no sono.
Elizabeth Bishop
deve haver
deve haver algo de bom em mim
ou não teria tanta má idéia
o meu demônio
ou não teria tanta má idéia
o meu demônio
tem pacto com o querubim
é uma ovelha
é uma ovelha
o líder da alcatéia
fui o juiz do jogo yin versus yang
apitei faltas pras melhores frases
atirei na tela do meu big-bang
vi estrelas e quase quasares
se há algo de bom em mim,
fui o juiz do jogo yin versus yang
apitei faltas pras melhores frases
atirei na tela do meu big-bang
vi estrelas e quase quasares
se há algo de bom em mim,
seja dita
a maldade que fez minha
a maldade que fez minha
alma ambígua
Marcos Prado
sábado, 8 de junho de 2013
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Cecília Meireles
Quais os que tombam
em crimes exaustos
quais os que sobem
purificados?
Na noite quase perfeita
da minha imaginação
que é
da tua mão direita?
Há uma canção
que já não fala
que se recolhe dolorida
onde o lábio para cantá-la
onde o tempo de ser ouvida ?
segunda-feira, 3 de junho de 2013
domingo, 2 de junho de 2013
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