quinta-feira, 30 de junho de 2016

Viver







sábado, 25 de junho de 2016

Inverno





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Lá fora o inverno
restam algumas flores baldias
resistindo heroicamente 

ao algoz de gelo

Jazem lânguidas,
lívidas e esquecidas


O sopro da morte
borrifado através da brisa crestante
faz com que desfolhadas
balbuciem o último suspiro


Prematuros suicidas
incauto namorado
a flor do ipê dourado
fulminado
com a azaleia rosicler


assim partiram também
o teu sorriso e meu encanto
naquela noite de inverno
melados de quentão
na feira do pinhão
aquecida ilusão


debaixo deste céu de chumbo
deslizas altaneira
neste calçadão de gelo


teu charme em relevo
emaranhado em cachecóis
me enlevam, me arrebatam
despretensiosamente
sem apelos


linda
ficas ainda mais bela
de sobretudo caramelo
os anéis dos seus cabelos
me anelam


ao roubarem beijos
dos teus lábios de mel
como travessos colibris.



  DAVI CARTES ALVES









sábado, 18 de junho de 2016

Balé












Em meio
 aos teus lábios & encantos
 sinto-me flutuar em espiral
na cadência de milhares de arraias
dentro de um balé vertiginoso,
 divinal


Em teus lábios
onde o amor viceja
coração
 ferido de morte
verseja

Lábios
de mar sedento
 estes seus
saciando a sede
dos meus






  DAVI CARTES ALVES













A GINASTA










" Ela dança as fases da lua
tece vento e o ar rodopia
põe no colo os bichos das ruas
põe no chão quem quer correria
põe as mãos de alguém entre as suas
e é o nascer de um sol, mais um dia

Do aroma rosa da arte
ela extrai a cor da alegria
do lilás do olhar de quem parte
faz o azul de quem ficaria
do vermelho ardor do estandarte
o nascer de um sol, mais um dia

Tem a solidão do poeta
a paixão da chuva tardia
escultora da linha reta
que a luz percorre e esta via
salta do seu olho, é uma seta
o nascer do sol, mais um dia

São brilhos de estrelas na perna
e a noite que a estrela anuncia
a paixão é estranha caverna
quem tem medo e amor já sabia
uma noite nunca é eterna
é o nascer do sol, mais um dia

Ela pisa as ruas do tempo
já foi louca, princesa e Maria
faz de azul mais que cor, sentimento
mina d'água, azul, poesia
faz soar as rimas que invento
e é o nascer do sol, mais um dia"







Do poema  -  A Fada Azul

Composição de Oswaldo Montenegro




naus






Foi teu mar que eu vi sorrir
nos braços
de uma ventania doce

foi meu céu que eu vi chorar
pelas naus
que seu amor
não trouxe

pois só a tua alma
traz a musica do mar,

e marulhar
neste teu doce realejo
no frescor dos teu abraços,
balbucio, deliro,
versejo...





 DAVI CARTES ALVES






domingo, 12 de junho de 2016

Tão lirios quão liricos














Seus lábios tão lírios 
quão líricos
teus braços tão cisnes de amor
tua alma quão lua,
tão sua
você
meu mar jovem 
em flor




                                    




DAVI CARTES ALVES

















sábado, 11 de junho de 2016

Almas Perfumadas - Carlos Drummond Andrade













Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.

Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.


Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga para isso.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave de sua presença soprando nosso coração.

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está conosco, juntinho ao nosso lado.

E a gente ri grande que nem menino arteiro. Tem gente como você que nem percebe como tem a alma Perfumada!


E que esse perfume é dom de Deus.









Nós, o rio e o tempo






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 Fico olhando, Maria, o nosso rio,
 o Madeira da nossa Juventude.
 Na enchente, em constante inquietude
vencendo a cada curva um desafio.

Para depois, no decorrer do estio,
 com a ribanceira em sua plenitude
 toda plantada pelo braço rude
 de quem espera o fruto do plantio.

 Mas o tempo, Maria, nos comprova
 que a cada instante o rio se renova
 e nós a cada instante envelhecemos.

 Por certo ele será sempre criança
e o seu poente um canto de esperança
 na saudade daquilo que vivemos.




Antônio Cândido Silva




Novidades sobre Machado de Assis




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Um pequeno tesouro literário, guardado com esmero durante quatro gerações, veio a público em 15.10.2015.  Dezenas de documentos, fotos e 61 cartas do crítico e acadêmico José Veríssimo, recebidas do escritor Machado de Assis, foram entregues pela família de Veríssimo à Academia Brasileira de Letras (ABL).

 Textos manuscritos, datados do início do século passado, e até uma fotografia e 12 cartas inéditas do patrono da Academia ficaram guardados por décadas em um antigo gaveteiro de madeira, que veio passando de geração em geração e, por último, estava no apartamento da aposentada Helena Araújo Lima Veríssimo, viúva do jornalista Jorge Luiz Veríssimo, um dos netos de José Veríssimo.

 Apesar do valor histórico e sentimental do material, a família achou melhor entregar a guarda dos documentos à ABL, que tem condições ideais para preservar a coleção, em que se destaca uma foto inédita de Machado de Assis.

“O acervo do José Veríssimo estava com o marechal [Inácio José Veríssimo, filho do acadêmico], que era uma pessoa voltada para a literatura, apesar de ser militar. O marechal organizou o acervo, escreveu uma biografia de José Veríssimo e depois passou tudo para meu marido”, disse Helena.

Para o presidente da ABL, Geraldo Holanda Cavalcanti, trata-se de um acervo precioso e que pode incentivar outras famílias, detentoras de material histórico sobre os acadêmicos, a também doarem o acervo à Academia. “Isto pode despertar a atenção de outras pessoas que tenham documentos em casa e se disponham a trazer para a Academia, que é a guardiã desse tipo de acervo, que é muito difícil de ser guardado em casa, pois o tempo destrói e aqui temos a melhor técnica de conservação de documentos”, disse Cavalcanti.



 (Adaptado de: OLIVEIRA, Gomes. Cartas inéditas de Machado de Assis são doadas à Academia Brasileira de Letras. www.folharondoniense.com.br/cultura/cartas-ineditas-de-machado-de-assis-sao-doadas-a-academia-brasileira-de-letras)






arco-íris na delícia da chuva







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sim, você,
poeira das estrelas
sobra de mundos que não existem mais
cinza de fornalhas e hecatombes

vislumbre de todas as forças do universo
mistura de um turbilhão de substâncias
em plasma, líquido, sólido e gasoso
sim, você,

que num pequeno sonho de flores
plantou a primavera em seu coração
e encheu meu mundo de cores
com um rosário de fé e oração

era você o tempo inteirinho
e a Terra é mais antiga que o nosso suspiro
deixe-me apenas lhe sussurrar baixinho
cicios de ócio e cio no ar que respiro

eu, um anjo que caiu como uma luva
em teu coração cheio de dedos
você, arco-íris na delícia da chuva
gotas e sons que parecem brinquedos




antonio thadeu wojciechowski