sábado, 22 de outubro de 2016
sábado, 1 de outubro de 2016
Automat, 1927
·
No céu de Hopper
é sempre outono mítico
o tempo descansa longe de câmeras
as palavras flanam em silêncio
e mancham o espaço de uma luz vaporosa
uma moça toma um café
nenhuma bebida na xícara a não ser café
nenhuma xícara sobre a mesa a não ser aquela xícara sobre a mesa
no hall do mesmo hotel
pensado por platão
de onde todos os simulacros derivam
ondas de solidão vibram em círculos concêntricos
os gestos antecedem qualquer pensamento
enquanto fora do quadro e no coração do artista
urge o distúrbio do mundo
Assionara Souza
Painéis de saudade
Fiz versos
para encher-te de luz
com brisa soprada
por lírios
teu amor
não quis tantos martírios
bastaram aqueles pássaros encantados
já pousando incendiados, exaustos
pelos mares revoltos
dos céus dos teus olhos
dos céus dos teus olhos
quando chegaram
outros exércitos de longe
reviveram num voo distante
rompendo a amargura dos véus
que blindavam teus sonhos
de amor
mas o mar já não se faz tão imenso
frente ao deserto dos teus cabelos ausentes
e a busca por estas saudades
se faz forte para o seu cansaço
mas pequena demais para sua dor
outros céus
seguram em vão novos prantos
garoar de um amor
sem estio
beijo leve
a diluir-se em azul
forte como a paz
frágil como a bruma
beijo leve
a diluir-se em azul
forte como a paz
frágil como a bruma
fiz versos
para encher-te de luz
com brisa soprada
por lírios
teu amor
não quis tantos martírios
garoar de um amor
sem estio
DAVI CARTES ALVES
Assinar:
Postagens (Atom)