Sou um poeta! Escravo do que escrevo, réu do que silencio; senhor, apenas, de míseras quimeras, às quais devo a minha vida, obra e as duras penas Não que não me divirta com o esmero dos mestres que me antecederam penas que deram a minha alma e ao meu selo as formas, fôrmas, fórmulas, apenas
a eles consagro esse augusto farol que me guia, orienta e me põe a salvo, não das tormentas, mas da calmaria,
para que meu pobre coração vol-te das trevas e – sol – tome de assalto a vida que eu pedi a Deus um dia!
Meu velho, você já estava bem provido de eternidade, esse seu corpinho serviu bem. 104 anos não são pra qualquer um. Suas pétalas de bem-me-quer floriram o mundo refizeram os cálculos argamassaram nuvens delinearam sonhos e utopias. Se fiquei triste?
Minhas lágrimas que o digam. Mas não foi uma tristeza emburrecida foi saudade instantânea como se a vida perdesse sua aura e o ouro da aurora seu valor. Eu sei, um dia, ao tempo você teria que ceder nisso não há segredo mas por que tão cedo?