Uma frase doce
confeita num breve sorriso
como suave palpitar
de pequena borboletas branca
sobre a buganvília carmim
derramas a suave luz da aurora
qual flor que se adora
esta doçura
que a tantos fascina
nesta ternura
que não pede rima
suavidade de folha que cai
beijo sonhado
que pousa e se esvai
ora bálsamo
para alma ressequida
ora riacho que canta
uma música ressentida
descansar sob revoada
destes pássaros mansos
que trespassam cativantes
no céu opala dos teus olhos
painel de sonhos e delícias
derramadas por
sublime orquídea
ou luminosa estrelícia
ouvir sua voz maviosa,
que transpassa a alma
como uma colcha sedosa
Voz tão escassa
como o cometa Haley
porém quando surge assim, musical
a sinto adoçada
com três colherinhas de açúcar
e nada de sal
a vida não deixou de te chamar para vivê-la
hoje, lhe sopraria uma brisa doce
um afago em seu cabelo,
uma carícia em seu rosto
para gentilmente convencê-la
e para si também tê-la
tua perene beleza
tua ternura de vinho,
frescor doce, carinho
deleite suave, atemporal
cesto de encantos e
sob luz divinal
como se a cada piscar de olhos
a cada beijo desses seus lindos cílios
renova-se em sua alma
doce frescor de amanhecer
generosa alvorada
de ternuras
mas não me deixe assim outra vez
como cata-vento sem espadas
feito aquelas magnólias desprezadas
balbuciantes pedras frias
nos cantos úmidos, lúgubres, escuros
das vazias rodovias,
d’alma
Como tu seguras assim,
firmes na mão!
As rédeas do charme, do encanto
e da sedução?
Fazendo-me
mais um subjugado prisioneiro
do seu vasto império
de fascínio, graciosidade
e sedução
cai outra pétala
da rosa chorosa
a arder numa solidão
de tintas tão belas,
quanto dolorosa.
e aquele sorriso mavioso,
brincando naqueles lábios tão belos
fica impresso no espelho d’alma,
na retina , nas nuvens, na luz das rosas
na alvorada
sem você
vou me consolar com as rochas
neste império de filisteus
implorar aos espinhos chorosos
atirados do jardim
que afaguem os cabelos meus
Exorciza d’alma
esses ventos doridos
não deixe o céu dos meus olhos
pois pro amor tua despedida
é um suave e lento pássaro em chamas
é sopro na retina
de areia marinada
saudades
do teu olhar
ouro doce de luar
ouro doce de luar
mar manso
eterno remanso
meu deleite
na continuação de amar
sim, teu olhar
beijo doce de luar
cativas a vislumbrar o teu mel
em cálice de cílios
a debater-se submisso
na tua leveza
em fim aquietam-se
minhas fúrias, as tormentas
meus delírios
Te esquecer, eu tento
mas me sinto como um sapato
Jogado ao canto do quintal
Sem o seu par, sob a lua da madrugada
Entregue ao gélido relento
Te esquecer, eu tento
Mas me sinto como a estrela
Radiante, palpitante, toda luz
Mas que se perde no cosmos
De sua galáxia
Buraco negro adentro!
" O homem bebe o leite da vida
sugando nos vasos túmidos
das sinfonias
pois na dor e na saudade
" todo o abismo é navegável
a barquinhos de papel"
DAVI CARTES ALVES
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