quarta-feira, 27 de maio de 2009

VENTA A DOR NESTE MAR DE QUERER-TE

No fim da tarde calma
sinto que a saudade é doce melancolia
ao observar esta rua sem saída
rua nua
já se foram as ruidosas crianças
apenas restos de tijolos enjeitados
no vaso derrubado
resíduos de um lírio estéril

deita-se dolorido o domingo vespertino
balbuciante sob os arrebóis escarlates
que tingem a candidez
de olhos pisoteados

nos ocasos d’alma
secura ardente, retalhos
na retina tesa,
orvalhos

o bosque dos folguedos, aquieta-se
a corrente suave do rio
leva maviosas esperanças,
eis o denso vazio

ser-te mar
turvo ou cristalino
para o fel de Poseidon
ou mar para o melífluo lual do nosso amor
ser-te mar generoso, mas você indiferente
na alvura da espuma
pinga o sangue em dissabor

rochedo frio, soberano
sobre este mar sonoro e agitado a contemplar-te
rochedo altaneiro sobre as vagas que se ajoelham
esparramam-se reverentes
aos teus pés de abrolhos

ser-te mar
onde venta forte a dor.


terça-feira, 26 de maio de 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O NOSSO AMOR UM DELÍRIO


Quis pra tua alma ser lírio
para seus olhos colírio
nos teus sentidos suspiro
fazer do esplendor o seu brilho
te estimar sob um círio
te perscrutar qual Porfírio
perdoar-te amiúde, prefiro
o nosso amor um delírio.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

UMA MULHER SUBLIME


Ela era como uma orquídea luminosa
sobresaindo-se entre as violetas descoradas
Ela era assim
Sempre uma frase doce e um breve sorriso
enchia as palavras ora de brisas aliciantes
ora de nervos pulsantes
ao ouvir sua voz maviosa
me perguntava:

Não será essa a voz dos querubins???

sábado, 16 de maio de 2009

ANJO



Experimentei a sublime sensação
de sua alma feita de flores em lava
sonhava ao abrir nas suas costas
os botões nacarados, um a um
quando duas grandes asas
de cândido & diáfano azul claro
brotaram suavemente
de sua pele melíflua
embebida em caldo de luar...

INVERNO


Lá fora o inverno
só restam algumas flores baldias
resistindo heróicamente ao algoz de gelo
jazem lânguidas, lívidas e esquecidas

O sopro da morte,
borrifado atravéz da brisa crestante
faz com que desfolhadas,
balbuciem o ultimo suspiro

Prematuros suicidas
incauto namorado
A flor do ipê dourado
fulminado
com a azaléia rosiclér

Assim partiram também
o teu sorriso e o meu desejo
melados de quentão
naquela noite de inverno
na feira do pinhão

debaixo deste céu de chumbo
deslizas altaneira
neste calçadão de gelo

teu charme em relevo
emaranhado em cachecóis
me enlevam, me arrebatam
despretensiosamente,
sem apelo

linda ninfa
ficas ainda mais bela
de sobretudo caramelo
os anéis de seus cabelos me anelam
ao roubarem beijos dos seus lábios de mel,
como travessos colibris.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

SER NUVEM












Ora engolfa-me
um desejo de ser nuvem
Sobre essa barbárie
Suavemente passar
Ir deslizando
Como bicho - preguiça no tronco
Como o cisne no lago
Como no vôo da bolinha de sabão
Sabe aquela flor, dente-de-leão?
Essa mesma,
ir passando indiferente, tão ausente
Sentir a suavidade nas asas da paz
E seu inconfundível sabor de mel
Ser nuvem
Ir deixando tudo
Relógios tão enfáticos
Buzinas, tiros, o frenesi dos encontrões
Logo ali um chafariz de sangue
Ir saindo, sempre com mui suavidade
Chocar-se com doçura
Na companheira à frente
Ser pra ela flor, colibri, coração
Ou um desajeitado elefante brincalhão
Depois do por do sol
Ser arrebol
Enamorar-se
da nuvenzinha rosicler
lá em cima, bem distante da “guerra”
ser mesmo o que bem quiser.

sábado, 2 de maio de 2009