sábado, 13 de junho de 2009

OS CICLOPES TAMBÉM AMAM




Ciclope embrutecido
Chuta ovelhas pelo caminho
Como o mendigo Salú faz embaixadinhas
com as pombas em pânico
no calçadão da Rua XV de Novembro

mas a flecha cupídea partiu certeira, zás – trás!!!
operou-se uma transformação
achou uma fresta de luz e vida
um calcanhar- de -Aquiles no coração

Ciclope embrutecido
até ver a ninfa & saltitante bailarina
do lago verde garapa, filho do rio Belém
seu olhar de um olho só , agora mira triste o chão
escreve na terra com a unha
amar-te se faz refrão

quando beleza &  leveza
lixam sob uma nuvem de pó
o seu cascudo coração
o ibisco carmim se dissolve
ele ouviu em fim a sonoridade do sangue
ele ouviu em fim
a onírica cantata dos riachos

e percebeu a poesia que há no caldo de luar
brincando no chão da noite
sua alma recende a maciez das pétalas
enquanto afunda na areia a frase:
amar-te se faz refrão

o vasto e eivado tronco do eucalipto
ajoelha-se sob o olhar mavioso
da convalescente violeta
como Jão Fera sob o olhar de Berta
tal qual Raskolnikov sob o olhar de Sônia
ou ainda Heathcliff
sob o cândido olhar de Catherine Earnshaw
talvez Quasimodo sob olhar melífluo de Esmeralda

Os cilcopes também amam!!!



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