Uma Anaconda vermelha,
serpenteia veloz nesta selva de pedras
suas estações são futuristas
seus passageiros cosmopolitas
nos embarques e desembarques
abre-se o leque de tons, nuances e matizes
da excêntrica espécie humana
Raças, atitudes, ideais...
Mas se há tanta gente, tantos conterrâneos,
por que esse silêncio?
Só escuto uma voz com simpatia cibernética:
próxima parada: estação esperança,
olhares se encontram e desenconcontram
ora fugidios, ora irrequietos e evitantes
ora enamorados
quero sorrir pra linda moça
mas ela esta absorta num pensamento
por quê não posso perguntar o seu nome?
por quê não posso beijar as maçãs do seu rosto?
Que plagiam, maciez e matiz
Do pessêgo maduro?
Ou dizer-lhe apenas, bom dia!?
Mas ao encontrar-me cativo em seu olhar
eis que surge uma fera,
Ui!! Mostrou a lingua
Como pode?
Beleza esculpida, modelada e retocada
por cinzel divino, entretanto?
Há contra –sensos na criação:
supra-sumos do paradoxo.
Um bélo invólucro de seda levando dejetos?
Próxima parada: estação dignidade
o velhinho cambaleante
derrama impropérios na nova geração
mas tem uma platéia muito distante
engolfada na efusão dos ruidosos estudantes
a gestante em pé esta aflita
espera ajuda da moça com voz cibernética:
de preferência, a pessoas idosas, gestantes e deficientes
a anaconda gigantesca
serpenteia veloz , nesta selva de pedras
mas possui na pele um rubor carmesim
consequência de uma má digestão:
Eih! Roubaram minha carteira!
Por favor um minuto de sua atenção,
estou desempregado, minha mãe doente,
tenho cinco irmãos menores,
melhor pedir do que roubar,
aceito vale-transporte, vale-refeição,
lanchinho da escola,
até graveto ao molho pardo,
com água de louça,
Oh motorisa, tá carregando a mãe!!!
Tá arrumando a carga!!!
Vai desceeeerrrr, criatura ....!!!!!!!
Sinto n’alma
A doçura de uma caricía
gargalhada de crianças
renovação, espontaneidade,
esperanças
Próxima parada: estação felicidade
Todos os passageiros devem desembarcar.
davicartes@gmail.com
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