quarta-feira, 29 de setembro de 2010

DELIRIUS & DEVANEIOS

 



Madrugada adentro & garoa
ouço gargalhadas na sala de estar
Monalisa não segurou mais o riso
e os ventos deste outono sombrio
não uivaram tanto
pra Cathe e Heathcliff

Você na noite vestida de lua
e eu um chocalho
em suas mãos de carmim
Meu deus!
Mas que som que tem isso??

Isso em si
não esgota o assunto
porque amanhã o vento muda de lado
e quem irá recolher as roupas?
 Por que virar a cara na hora do beijo?

Há quanto tempo
teu gato não mia?
O de Poe jamais me sorria
"achando que os pardais,
 indiferentes
se esqueceram de voar"

Com que lágrimas
tuas mãos perfumadas
e cheias de anéis
apanharam aquelas
 lindas borboletas em neon

Pobre cobrador
do ônibus Itupava - Cohab
apaixonou-se pela bailarina
do Ballet Quebra - Nozes

ela tinha leveza & perfume
de um feixe de tulipas frescas 
e eram mui lindos
seus sissones e piruetas
côr de brilho labial

Já notou
que tem sempre uma hora no dia,
em que o rio Nieva de Dostoyevski
o Ouse de Virginia Wolf
o Arno de Mario Puzo

o Tweed de Walter Scot
o Íster de Sófocles
o Amper de Markus Zusak
o Guaíba de Assis Brasil
e o Belém
de Dalton Trevisan,

" tem a cor dos afogados" ???







   DAVI CARTES ALVES










segunda-feira, 27 de setembro de 2010

MAGNETISMO



Amar-te é sublime
é sentir a alma agasalhar-se
entre os casulos
da brisa primaveril

tua alma traz a musica do mar,
marulhar no teu doce realejo
no frescor dos teu abraços,
balbucio, deliro,
versejo

passar por esse mundo
e não ter o privilégio
de contemplar sua graciosidade
beleza , encanto e fascínio

é o mesmo que
 usufruir um dia inteiro
de céu matizado em límpido azul
mas sem o sol, radiante e vital
que assim como você,
quando surge, acende n’alma
um sorriso de vida e luz

Sob maga suavidade,
Irradias, efluvios melifluos
de graça, beleza, charme
e tens consigo a magia de fascinar tudo
quanto a rodeia
contemplá-la é viver,
é o quanto basta para edenizar
uma vida

um carisma, um sorriso, uma flor
que não se sabe a razão,
diminui n’alma o peso,
renova-se a legria,
me faz sublevar, na suavidade
de toque entre cílios

me faz peregrino embevecido,
de seus sonhos multicolor
andarilho apaixonado, errante
de suas vielas irísadas

experimentei a sublime sensação
de sua alma feita de flores em lava
sonhava ao abrir nas suas costas
os botões nacarados, um a um
quando duas grandes asas
de cãndido e diáfano azul claro
brotaram suavemente
de sua pele melíflua
embebida em caldo de luar
és anjo meu

O que continuará a existir sem você?
Pois quando o amor, generoso
derrama-se dos seus lábios sobre nós,
ele produz n’alma, o sublime frescor
de um novo
e orvalhado amanhecer

De onde vem essa força enigmática
Que arrebata, asfixia, fascina ?
Será dos fundos das cóvinhas de nacar
esculpida neste rostinho feiticeiro
por esse sorriso de diamantes de neve?

Sorriso?
Ou um diamante que brilha?
O céu que se anila?
Faz lembrar
a primeira estrela que cintila
n’alma

Com saudades, lembrei-me
dos teus afagos
doces canções de ninar
e quase sem perceber, peguei no...
choro

Será que há mais mel
no bojo da acácia
quanto na terna mansuetude
de seus belos olhos???

Será que há mais
delicadeza & sensualidade
nas curvas da tulipa escarlate
quanto na leveza sinuosa
de seu lindo talhe
coleante de prazeres???

Que tal este presente amor meu:
A lua me sugeriu
um vestido de néon
o céu, uma tiara de estrelas
o mar, um multicolorido top
de conchas e corais

Afinal quem é você?
Que com suas palavras
me faz correr com a alma de joelhos
em busca dos teus mistérios
como os guinus no Kalahari
fogem das intempéries
em busca de refúgio

em meio aos teus lábios & versos
me sinto flutuar em espiral
na cadência de milhares de arraias
dentro de um balé divinal

linda ninfa
ficas ainda mais bela
de sobretudo caramelo
os anéis de seus cabelos me anelam
ao roubarem beijos dos seus lábios de mel
como travessos colibris.

meus cílios
quando tocam com os seus
eis beijo vertiginoso, mavioso
do amor o apogeu,
sina de Orfeu?

Em seus lábios onde o amor viceja
coração ferido de morte, verseja
lábios de mar sedento, esses seus
saciando a sede dos meus

acaricia nossos corpos
o resto da onda preguiçosa
envolvendo-nos
como uma alva colcha dengosa

manta serena
sob caldo de luar
doces beijos de mar,
num que de ofertar

nosso céu marchetado
por revoadas, albatrozes?
Andorinhas rasantes,
pelicanos amantes
na lembrança perene
cenários paradisíacos de amor
pintados em casquinhas de nozes

nos teus braços
renascer em uma fonte
de generosa doçura
cárcere paradisíaco
quais flamingos alados
em ternura

E quando rompem teus exércitos sublimes?
derramando dos teus olhos
nevados em mel
o amor em corcéis de volúpias

velozes, vorazes,
sagazes, atrozes
recamando de brasas famintas,
meu céu

sobrepujam-me
teus exércitos de novo
alvejando-me
com teu Sol de delicias
com tépidos feitiços
e felinas caricias

pousando tuas sedas
meneios, perfumes,
eu sorvo a vertigem
nas tuas maviosas veredas

vem teus exércitos sublimes
em coleante poesia de rendas sutis
sonetos entremeados num belo corpete
bucólicos haicais
em melífluo corselet

vem teus exércitos
faz-me teu despojo de cruel diversão
novelo estapeado pela pata felina
a rolar pelo chão

flor de tiara,
teu estojo de strass
fulminas uma e mil vezes
zás trás!!!

Sopra minha queda
como em bolinhas de sabão
faz-me mais um subjugado prisioneiro
do seu vasto império
de fascínio, encanto, graciosidade
e sedução

caem sobre mim teus exércitos de novo
receber teus abraços confeitos
na louçania de buganvílias perfumadas
enternecidas, lagrimadas
pelas renovadas manhãs

sem dor, em ardor
quão dóceis e enamoradas
teus exércitos em flor

enlear-se na ternura
das tuas mil vozes macias
o verbo amar sussurras
dos teus poros, balbucias

e vem sobre mim
teus exércitos de novo!
Vem !!!

Ah! Sua presença!
Quão maviosa!
Chegar assim
nesta doce intimidade solar
trazendo nas suas asas de amor
a fagueira calmaria do mar

como derramas n’alma
sob densas matizes
sua generosa cesta de cores.
És tão leve, tão luz, quão linda!
a pousar e repousar teus afetos
sobre os meus mais tênues sensores

faz-se toque entre cílios
feixe de gérberas
caldo de luar
reinventa num sopro melífluo
novas nuances para o verbo amar

faz-se beijo de brisa
cantinela de riachos
langoroso esvair-se da onda na areia
num que de ofertar

faz dos teus mansos fulgores
em minhalma,
um perene palpitar.

Afinal quem é você?
que com os teus deleites e encantos
faz até mesmo
anjos &  diamantes luminosos,



anoitecerem?
                                         



                                                                                     



   DAVI CARTES ALVES






sábado, 25 de setembro de 2010

Coldplay - Yellow

NAS ASAS DA ETERNIDADE




No cio da noite
acordei pela tua beleza
a estapear-me
nas rédeas curtas do fascínio

sei que ao beijar
este rostinho feiticeiro
viveria mais cem anos
de felicidade

nos teus labios então
quero embalar-me
nas asas fagueiras
da eternidade



by  DAVI CARTES ALVES


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Desejo & Paixão











Exorciza meus anjos tiranos
vem domar meus corcéis tão insanos
suspirar mil segredos
debaixo dos panos
delirar com o prazer nos arcanos

tuas migalhas
alimentam a vertigem
dos meus cães famintos
 que ladram o desejo
em sonhos de pedra

e que bebem o torpor
em searas estéreis
onde a tua luxuria
não medra

banhar-se
nos teus rios de dor
 sem imagens
incendiando as paisagens
 evanescentes do amor

brisa que sulca
o pelo felino
riso menino
sob o som de violino

em veloz carrossel de suspiros
vestir-me com a tua arritmia
em uno enlear-se nos consumirmos
em labaredas de mel e magia

nas páginas tórridas 
de um conto sulfúreo
de amor e poesia


nesta hora escarlate
que transpassa
e deixa n'alma
uma sensação que não passa

de amar, dormir
e sonhar
no bojo tépido e macio
de uma bela acácia




  DAVI CARTES ALVES




quarta-feira, 22 de setembro de 2010

PRIMAVERA



Coração palpita,
sob neon vermelho no peito,
nas margens dos seus rios de sangue
minha bateia alquebrada,
garimpa sua imagem
entre diamantes escarlates

Na paleta d’alma
encheram-se
os bojos ressequidos
de côres luminosas

da caixinha de lápis de côr
saem em deliciosas revoadas
miríades e miríades de borboletas
em nuances maviosas

finalmente,
vincaram riscos de veludo
com côres de uma nova aurora
nos botões das flores do campo

o sopro do arco-íris
banha a alma,
em assomos e assomos de regozijo
engolfando-a
em puro jubilo primaveril

e como me sinto bem,
ao ver você de novo, quão bela
com sua alma entre flores ,
e este sublime riso pueril.


Bem vinda a estação das flores!!!










   DAVI CARTES ALVES

terça-feira, 21 de setembro de 2010

teus lábios



Tenho mesmo que ir embora?
E deixar de uma vez por todas
o mel nas tintas tão rubras
dos teus lábios de amora ?


by  DAVI CARTES ALVES

domingo, 19 de setembro de 2010

REVOADA



A chama cambiante da vela deu a ultima gingada diante daquela vida que se debatia,  restando apenas o círculo disforme e inacabado de cera no pirex de flores sem cor, os olhos fecharam-se suavemente no ultimo beijo dos cílios, ainda ouvira o som como que de uma revoada de pássaros em debandada num céu de amianto, que garoava pétalas amarelas, de crisântemo...



by   DAVI CARTES ALVES

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

ANJOS E SEREIAS





Indiferente ao rochedo frio, há horas recolheu-se na Pedra do Albatroz. Sentou-se naquela posição que lhe era peculiar, abraçando os joelhos, a cabeça baixa, taciturna.

Não observa bem acima, os rabiscos que as gaivotas fazem em um céu de amianto. Não quer encarar o farol, quieto e soturno, como um gigante leve, irmão dos pássaros e das vagas, cativando os silêncios d’alma.

Não quer reparar no vento penteando com força as crespas folhas de pequenas moitas valentes.Mais abaixo, as ondas oferecem, languidamente, níveas colchas de alfenim aos pés do rochedo ríspido e imberbe.

De repente, abre olhos e os sentidos já estão envolvidos em um canto sedutor. Ergue a pesada cabeça, levanta-se atônito enfrentando camadas e camadas de carícias da cantilena que vem do mar e o alicia perturbadoramente.

Ensaia os primeiros passos descendo rumo ao imenso colchão de espuma, os olhos já enamorados, a alma derramando-se no balé das vagas, absorta em um brechó de sensações e prazeres inefáveis.

A vista cambiante perde-se no elo sempiterno entre mar e firmamento. É doce e feiticeiro o realejo à maresia.

Súbito, anjos irrompem a abóbada de amianto.

Entre atentos e pressurosos, acompanham o canto em segunda voz em meio a miríades de sereias.


 O pescador sente como se lhe imprimissem n’alma uma primeira demão dos sentidos que retornam.

Olhos cansados. Cílios beijam-se suavemente. Enxuga as lágrimas e, faminto, recolhe os apetrechos.

Tempo de retornar à casa.



   DAVI CARTES ALVES





segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sobre autores e suas paixões ...



 " A idéia é como uma fruta,
 você não colhe uma manga verde,
  tem que ter paciência.
 De repente!
       A manga cai na sua mão."


                                      Lygia Fagundes Telles

                                                                                           -

RESTARAM OS OSSOS



" Nós ossos
          esperamos os vossos "

Lutem homens!!! Lutem!!! É um a cada dia...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Na luz dos teus olhos



Oferecer`a pele esta cor tão doce,
              da luz que brilha dos teus olhos fagueiros


by  DAVI CARTES ALVES

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A FADA FERIDA



Outro dia chegou triste
balbuciando gemidos inaudíveis
trazendo nos olhos marejados
doridas nuvens que restaram
de um céu despedaçado.


by   DAVI CARTES ALVES

Bertolt Brecht

  "  Do rio que tudo arrasta
         se diz que é violento,
  mas ninguém diz violentas
       as margens que o comprimem.”
  
   
    Bertolt Brecht (1898-1956)

NOS POEMAS DO TEU CORPO



Teu corpo coleante
felinamente delgado
porejando o verbo amar
é um livro esotérico
que se lê apenas em braile
viagem sem volta
ao paraiso dos teus labios
leitura, releitura, tresleitura
dos sonetos do desejo
alquimias da libido
odes ao delírio
poesias do prazer
elegias que me fazem
renascer...


by   DAVI CARTES ALVES

domingo, 5 de setembro de 2010

ESTRIBILHO D'ALMA



Vê pelas janelas úmidas d’alma
aquelas mesmas folhas
e o vento lançando-as
dominando-as,
em uma dança sensual

vertigem em espiral
como o rodopiar
de uma bailarina
na neblina densa
do ocaso taciturno

o sopro da noite
entra pelas frestas
e traz uma cantinela triste
folheia sobre a mesa
duas páginas do livro
de soturnas poesias

um suspiro profundo, cadenciado
é o estribilho que sobrou
do resto da noite fria
que não recebeu o banho de luz
que há no paraíso
dos teus olhos ternos e distantes

derramados na lembrança
pelo caldo de luar
que banha a bailarina
em seu vestido de folhas
ela se foi...


by   DAVI CARTES ALVES

Ela


Ela
 é um suave sopro no machucado
é véu que cobre um sonho indecifrável
é céu de um sorriso
 em que me acabo
                                  ao léu do seu descaso...



by  DAVI CARTES ALVES

O que você esta lendo pequena Hibavadã ?

sábado, 4 de setembro de 2010

"Sonhos não envelhecem"




Quem me dera
colher a flor do teu sorriso
num carinho

desfiar-te
um novelo de ternuras
bem baixinho

e quando acordar
poder revelar-te
com que cores
e outras matizes

o amor tingirá
o nosso amanhã

 que bom que 
" os sonhos não envelhecem "


by   DAVI CARTES ALVES