terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Bailarina












Alva flor do mais puro encanto
leveza, poesia, acalanto
fascínio, graciosidade
e pra tanto
ritual de reverente espanto

 maviosa bailarina
és brisa a produzir com ternura
mosaicos e enredos pro amor
és mel no meu dissabor

esvoaçante
quão linda menina
bela imagem
confeita em rima

 musa flutuante 
nuvem em devaneios
na graça
e no deslumbramento em volteios
sissones, piruetas, meneios
no tablado
de um coração prisioneiro

aplausos, assovios, mil vozes
sob suave voo
quão bela
nívea borboleta
de sapatilha amarela
tão brilhante
no balé quebra-nozes

és sopro nas cores do amor
és mel no meu dissabor
esvoaçante quão linda menina
és suave bailarina
bela imagem
confeita em rima



amar-te
é mesmo minha sina? 





DAVI CARTES ALVES


               



                                                      F







Excerto do capítulo 7 do livro OS BÊBADOS AMAM DEMAIS







                                                                Amy






Gargalhadas retumbantes por toda parte,
Comida em abundância e bebida da boa,
Viver bem é verdadeiramente uma arte,
Digo pra mim,
 sem perceber que o tempo voa.

No céu, as primeiras estrelas tremelicam,
Pipocam aqui e ali inventando ritmos,
Para delírio dos meus olhos que nem piscam.
É tão grande o universo e tão frágeis os signos,

Diante do mistério da vida, que percebo
Emocionado minha infinita miséria.
A verdade, alma gêmea do belo, é enlevo,
Que se perde na treda ilusão da matéria.

Ah! Os espíritos elevados, os santos,
Os poetas, os amantes do saber, artistas,
Estão aí espalhados pelos quatro cantos,
Se equilibrando, como os malabaristas

Se equilibram, no fino fio da esperança
De que tudo um belo dia será bem melhor.
Uma estrela cadente, riscando, avança
E faz eu lembrar de uma canção do Belchior.

Ninguém na Terra está tão só como eu agora.
A abóboda celeste, de um azul profundo,
Já acendeu todas as suas luzes lá de fora
E eu vejo então toda a beleza desse mundo.

Meu olhar vai de constelação a constelação
E de constelação em constelação vou,
Como vai a emoção, de coração a coração,
Perguntando de onde vim, onde estou, quem sou.

Uma lágrima cai do meu rosto e orvalha
Uma pequena folha que, distraidamente.
Quase esmago. Mas meu peito todo se cala
Diante do milagre que está à minha frente.

Pra que saber? Por quê? Os séculos futuros
Terão o mesmo véu de mistério, o mesmo
Enigma devorando o indecifrável medo
Do homem, que, por pura ambição, vive em apuros.

A hipótese bestial do apocalipse é triste,
Transforma nosso destino e nos acomoda,
Não nos dando a opção de agir sobre o que existe
E o meu vizinho fosse só alguém que incomoda.

É o mundo dos solitários, dos lunáticos;
Estes vivem à parte, aqueles, a chorar
Por si mesmos. E eu vejo a dor desses fanáticos,
Como um aviso aos navegantes de outro mar,

Outra vida, onde o amor e a compaixão andam
De mãos dadas, como eu e Beatriz*, há pouco
Andávamos. Sei bem que as emoções é que mandam
No coração, foi o que aconteceu conosco.

Bah! Estou podre de bêbado, muito mais
Do que eu estava quando cheguei aqui ontem.
Mas minha embriaguez é lúcida demais
E a história escrevo, não espero que me contem.

* Personagem principal e musa do poeta.
 Homenagem à Beatriz de Dante Alighieri, na Divina Comédia.

(....)



antonio thadeu wojciechowski










ramo de rimas











O meu amor
 nasceu de um ramo de rimas,
 flor do meu peito ritmada em desejo
Pedra bruta fui lapidado no primeiro beijo,
 mas já era azul 
e trazia no coração a alma das opalinas.

 
Às vezes triste,
 noutras alegre, sempre emotivo.
 A poesia foi razão,
 loucura e motivo;

 o corpo santo
, minhas asas em voo cego.
 Nada foi em vão.
 Devo e não nego.





antonio thadeu wojciechowski






segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Dimensões







     



Perdi meus sonhos de luar e lírios
Na cova das demências e delírios
O que era sonho, aura e fantasia
Foi-se de não em não naquele dia

O sol soltando seus longos suspiros
Já acordava a noite e seus vampiros
Tu ias à minha frente, arredia
E triste; eu, também, assim seguia

Com a cabeça pensa tu pensavas
Em mim e em quanto não querias junto
A ti, eu, nu em pêlo, pele a pele

Com a minha tristeza nem sonhavas,
Mas viste ao veres que mudei de assunto
Que o sol fica só 

ao perder um L !





antonio thadeu wojciechowski










quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Que doçura de voz, musicalidade e poesia








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Trazer para dentro de si o céu com um sorriso






5







coração,
 abre as asas sobre a pequena ave
pois é dela o segredo das eras antigas
bem melhor é saber que ouvi essas cantigas
quem não as ouve
 está velho de verdade 



pensamento, caminha pela amplidão,
inaudito, faminto, sedento e servil !
mesmo sendo domingo, onde já se viu,
depois de jovens,
 homens se enchem de razão 



tomara que eu não seja útil ou decisivo
mas que ame muito mais do que alguém que mendiga
pois não há ninguém tão louco que não consiga
trazer pra dentro de si o céu com um sorriso 







E. E. Cummings




por Antonio Thadeu Wojciechowski









sábado, 12 de dezembro de 2015

perante as crianças...









Protegei-me 
da sabedoria que não chora
da filosofia que não ri
e da grandeza 
que não se inclina perante as crianças...



Khalil Gibran












quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Retrato do artista quando coisa
















A maior riqueza
do homem
é sua incompletude
Nesse ponto
sou abastado
Palavras que me aceitam
como sou
 eu não aceito
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas






Manoel de Barros








Virginia Woolf - Frases














“ O gosto pela verdade e pela beleza, a tolerância e a honestidade intelectual, o horror ao tédio, o senso de humor, as boas maneiras, a curiosidade, o desprezo á vulgaridade, á brutalidade e á pompa, o repúdio a superstição como á afetação, a aceitação sem temor das coisas boas da vida, o desejo de se exprimir completamente, a preocupação de uma educação liberal, o desprezo do utilitarismo e do filistinismo; numa palavra,

o amor pela doçura e pela luz ”





“ Eu não serei célebre, nem grande; eu continuarei a ser uma aventureira, a mudar, a seguir o meu espírito e meus olhos, recusando ser etiquetada e estereotipada. O problema consiste em liberar-nos a nós mesmos, encontrar nossas verdadeiras dimensões, não nos deixarmos atrapalhar... Eu não quero escrever nada que não me dê prazer... Eu não devo nada a ninguém... Eu não escreverei nunca para converter ou agradar alguém...”





“ Sobre as questões de gosto, não se pode certamente discutir. Eu repito sempre que me transformaria com prazer no gato de Shakespeare, no porco de Scott e no canário de Keats, se pudessem assim partilhar da companhia desses grandes homens.”




“ Pois tem razão o filósofo ao dizer que entre a felicidade e a melancolia não medeia espessura maior que a de uma lâmina de faca ”

“ Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos. ”





Virginia Woolf 

Escritora Inglesa ( 1882 - 1958 )













quarta-feira, 2 de dezembro de 2015