terça-feira, 30 de novembro de 2010

Leve





Sentiu-se leve
nos campos d’alma
brisa fagueira
entre revoadas de pássaros,
árvores farfalham sorridentes
retornam os colibris
joaninhas multicoloridas
pontuam os is.




.





domingo, 28 de novembro de 2010

Brechó de Versos de Amor





Uma frase doce
confeita num breve sorriso
como suave palpitar
de pequenas borboletas brancas
sobre a campânula carmim

derramas luz da aurora
qual flor de pandora
usufruo todo o seu mel
nesta hora

esta doçura
que a tantos fascina
nesta ternura
que não pede rima

suavidade de folha que cai
beijo macaio
que pousa e se esvai
ora, bálsamo
para alma ressequida
ora, riacho que canta
uma música ressentida
poema

descansar sob revoada
destes pássaros mansos
que trespassam cativantes
no céu opala dos teus olhos

bojo de delícias
derramadas por
sublime orquídea
ou luminosa estrelicía

ouvir sua voz maviosa,
que transpassa a alma
como uma colcha sedosa
Voz tão escassa
como o cometa Haley
porém quando surge assim, musical
parece adoçada
com três colherinhas de açúcar
e nada de sal

suas amigas dizem hibernar
sob os melífluos remansos da tua alma
Etnas, Vesuvios e Katrinas?
Mas tu extrai a cada novo dia
para fascinar a todos
meigas, lindas e ingênuas meninas??

a vida não deixou de te chamar pra vivê-la!
Hoje, lhe sopraria uma brisa meliflua,
Um afago em seu cabelo,
uma carícia em seu rosto
pra gentilmente convencê-la
e pra si também tê-la.

Tua perene beleza
tua ternura de vinho,
frescor doce, carinho
deleite suave, atemporal
tua sublime pujança
embebida
em brilho labial

como se a cada piscar de olhos
a cada beijo desses seus lindos cílios
renova-se em sua alma
doce frescor de amanhecer
generosa alvorada,
de ternuras

Não me deixe
Cata-vento sem espadas
magnólias desprezadas
balbuciantes pedras frias
nos cantos úmidos, lúgubres, escuros
das vazias rodovias,
d’alma

Como tu seguras assim,
firmes na mão!
As rédeas do charme, do encanto
e da sedução?
Fazendo-me
 mais um subjugado prisioneiro
do seu vasto império
de fascínio, graciosidade
e paixão

cai outra pétala
da rosa chorosa
a arder numa solidão
de tintas tão belas,
quanto dolorosa.

se ontem me embebi em sonhos doces,
multicoloridos
no travesseiro fagueiro da maciez
do seu colo
hoje acordei ainda extasiado,
mas adentrei num pesadelo
ao ouvir você dizer-me
com olhos taciturnos,
enviesados para o chão:
“ Quero fazer carreira solo ”

E quanto aos nossos sonhos irisados?
os “ projetos encantados
por nós dois armazenados,
acaso já foram arquivados” ?

e aquele sorriso mavioso,
brincando naqueles lábios tão belos
fica impresso no espelho d’alma,
na retina , nas nuvens,
flores, na alvorada
como se derrama-se n'alma
o mel
naquela porçãozinha de vida
naquela luz do paraíso...

sem você
vou me consolar com as rochas
neste império de filisteus
implorar aos espinhos chorosos
atirados do jardim
que afaguem os cabelos meus

senti-lo pressuroso
teu coração de andorinha
em pujante arritmia
sôrve-la neste lindo cálice de lírio
vou do sumo prazer,
ao ápice do desejo,
só me reencontro num delírio

Exorciza d’alma
esses ventos doridos
deixe o céu dos meus olhos
pois pro amor
teu colírio
é um suave pássaro em chamas
é sopro na retina
de areia marinada

Naquele vale em suave declive,
havia um antigo cemitério
ao ver a noite sobrepujar
uma tarde fria e cansada
eis uma anciã de fronte vincada
sombria , encapuzada,
por fina garoa engolfada
a segurar numa reza balbuciante,
uma esquálida rosa negra
por suas lágrimas acariciada,
e numa lápide ilegível e disforme
tem suas pétalas derramadas.

Ela tem saudades
do teu olhar
ouro doce de luar
mar manso
eterno remanso
meu deleite
na continuação de amar

teu olhar
beijo doce de luar
cativas a vislumbrar o teu mel
em cálice de cílios
a debater-se submisso
na tua leveza
em fim aquietam-se
minhas fúrias, as tormentas
meus delírios

Por que meus beijos
não ascendem mais
as lanternas da tua alma sombria?
Vi pingar uma lágrima
na rachadura da tua xícara preferida

Pra onde voaram todas aquelas joaninhas?
Esse ano só deu pra montar essa árvore
com zangões
e algumas muriçocas que voavam de costas
E aquelas bolinhas multicoloridas?

Enfim encontro uma fenda de oxigênio
na maciez de “uns braços” machadianos
mas é só quando começa tua novela

Te esquecer, eu tento
mas me sinto como um sapato
Jogado ao canto do quintal
Sem o seu par, sob a lua da madrugada
Entregue ao gélido relento

Te esquecer, eu tento
Mas me sinto como a estrela
Radiante, palpitante, toda luz
Mas que se perde no cosmos
De sua galáxia
Buraco negro adentro!

Te esquecer, eu tento
Mas ao me lembrar daquele olharzinho dócil
ficar triste, sorumbático, taciturno
confesso ser capaz
de roubar não só os anéis
Mas o piercing ( ranco-lhe da língua )
as maria–chiquinhas,
roubaria pra você,
todo o penduricalho de Saturno

Te esquecer, olha
eu bem que tento!

" O homem bebe o leite da vida
sugando nos vasos túmidos
das sinfonias
" todo o abismo é navegável
a barquinhos de papel"



by   DAVI CARTES ALVES

Feliz pelo privilégio de publicar na Revista Kyrial de Literatura - PUC Campinas






Caríssimo autor,


Mais uma vez, quero parabenizá-lo pela publicação de seu texto na terceira edição da Kyrial - Revista de Literatura dos alunos da Faculdade de Letras da PUC-Campinas.

É com imensa alegria que envio o cartaz com a programação do evento de lançamento, que ocorrerá em dois horários, no Campus I da PUC-Campinas, e incluirá um debate muito interessante com os cartunistas Mário Cau e Bira Dantas sobre “Literatura e Quadrinhos”.

Como aconteceu nas edições anteriores, para a aquisição da revista no dia do lançamento, há uma contribuição cujo valor é o custo de impressão exigido pela gráfica: R$5,00, o mesmo praticado em 2008, quando a última edição foi lançada. Como sabem, a Kyrial adota um sistema de cooperação entre autores e leitores, de forma que este valor, muito abaixo do que é geralmente praticado pelas editoras, não tem fins lucrativos para aqueles que a produzem, incluindo os editores, revisores e diagramadores - todos voluntários neste projeto.

Algumas informações importantes sobre o evento de lançamento:

A sala reservada para o evento não é muito grande, e ainda não temos o número definido de participantes. Por isso, recomendamos que cheguem no horário marcado, para garantirem seu lugar.

Do mesmo modo, o número de exemplares da revista é limitado (400). Por este motivo, as edições costumam se esgotar em poucos dias ou semanas, como aconteceu nas outras edições. Não há a possibilidade de reimpressão da revista. Recomendo aos autores que, se tiverem condição e interesse, adquiram mais de um exemplar.

A participação de autores que estudem na PUC-Campinas é muito importante – sem dúvida, cada lançamento da Kyrial é um momento memorável na história da Faculdade de Letras, pois sempre conta com a presença de professores, autoridades acadêmicas, alunos de outros cursos e faculdades, além de convidados. O evento está aberto a convidados dos autores.

Ao chegarem na sala 900, no dia do evento, por favor me procurem, para que eu possa compor uma lista dos nomes que irei apresentar. Todos os autores que comparecerem serão apresentados, um a um, no momento do lançamento, e serão convocados a compor uma mesa de autógrafos, que inclui o cartunista Mário Cau, também participante desta edição. Levem caneta para as suas dedicatórias! Se possível, levem também máquina fotográfica, para registrarem este momento especial.

Autores de outras cidades, estados e países (como os de Portugal e Espanha) poderão adquirir a revista pelos correios. Basta enviar um e-mail para revistakyrial@gmail.com com o assunto “Aquisição da revista Kyrial III”, informando o endereço com CEP. Após o lançamento da revista (19/11), entrarei em contato e darei as devidas instruções. Para estes, o valor da revista será acrescido do valor do frete (carta registrada).

E-mails enviados entre 18 e 19/11 provavelmente serão respondidos após 20/11, por isso, se tiverem alguma dúvida sobre o lançamento, por favor escrevam antes da data mencionada.

Agradeço imensamente a participação de todos. Esta é, sem dúvida, uma edição muito especial da revista.

Com gratidão,

Marcelo Mantovani

Editor
 
 




.

O teu amor um delírio?





Quis pra tua alma ser lírio
para teus olhos colírio
pros teus desejos
suspiro
sorver na ternura o seu brilho
te estimar sob um círio
perdoar-te amiúde, prefiro
o teu amor um delírio?



by   DAVI CARTES ALVES


sexta-feira, 26 de novembro de 2010

The Corrs




Beauty, Music & Poetry



.

Bi NO FESTIVAL POÉTICO DO SESC - 2009 - 2010






Troféus .  2009  - 2010



Feliz por participar em uma nova antologia de poesias
 Festival Poético do Sesc 2010,
com o poema  Maresia,
 repetindo o resultado do concurso do ano passado.
Parabéns a toda organização do evento e a todos os participantes!



Segue o link com resultados

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Carlos Drummond de Andrade – Testemunho da Experiência Humana



O poeta e cronista Carlos Drummond de Andrade, encantou e continua encantando leitores de todo país com os seus textos.

Através da sua obra, mostrou-nos que a vida pode ganhar mais sentido, mais leveza, cores, beleza, harmonia, da forma especial e agradável que suas crônicas e poesias proporcionam.

O simpático mineirinho interpretou como poucos a alma brasileira, com sua genialidade, pinçou nossa gente do anonimato, seus lugares, suas ruas, pedras e flores, as alegrias e dissabores que todos nós experimentamos e partilhamos, porém, nos emocionamos diante da sensibilidade com que o “pincel” de Drummond colore com delicado relevo, graça, poesia, e seu olhar pleno de significados.

Podemos usufruir uma amostra desta arte na homenagem a Alberto : “(...) Alberto pequeno coxo, ágil endemoninhado, saci que ri, tão cedo vai Alberto , a pregar peças, num mundo novo?” Neste trecho do poema extraído do livro Amar se aprende amando, o escritor demonstra-nos um pouco da essência que envolveu a sua “missão”: O cuidado, a atenção e o amor, aquilo que tem mais vida.

Ademais, o cronista também registrou num belo mosaico para o deleite das próximas gerações, a memória, a alma e as virtudes do povo brasileiro.

Admire esta pequena jóia: “ O mundo é grande, mas cabe nesta janela sobre o mar, o mar é grande e cabe na cama e colchão de amar, o amor é grande, e cabe no breve espaço de beijar " .

Neste poema intitulado: O mundo é grande, também extraído do livro, Amar se aprende amando, o poeta sugere para estes dias tão velozes e turbulentos, a importância do olhar mais demorado, reflexivo, enternecido à poesia que borbulha generosa, nas linhas e entrelinhas da vida.



by  DAVI CARTES ALVES





.
















sábado, 20 de novembro de 2010

Lumes & Brisas





O primeiro pingo
da garoa nua
fez minh’alma
ser tão sua

banhar-se na maviosidade
dos teus rios de dor
sem imagens
incendiando as paisagens
evanescentes do amor

beijo de brisa que sulca
o pelo felino
riso menino
sob o som de violino

derramas por taça de volúpias
seara de nirvanas
és linda borboleta sedutora
que pousa embevecida
em mar de chamas

vestir-me de você nesta hora
hora escarlate
que transpassa
de amar e sonhar
no bojo tépido e macio
de uma bela acácia

tua alma traz a musica do mar,
marulhar no teu doce realejo
no frescor dos teu abraços,
balbucio, deliro,
versejo

nos teus braços
renascer em uma fonte
de generosa doçura
cárcere paradisíaco
quais flamingos alados
em ternura

em meio aos teus lábios & versos
me sinto flutuar em espiral
na cadência de milhares de arraias
dentro de um balé vertiginoso,
divinal

em você
como nas mais raras e belas flores
só devem pousar borboletas
com multicoloridas asas de seda
e delicadas anteninhas de ouro


 
by  DAVI CARTES ALVES









Haikai





Pingo de lágrima
a rutilar indeciso
nos olhos do amor


by  DAVI CARTES ALVES

domingo, 14 de novembro de 2010

Matrinchã





Soprada como uma leve serragem, salpicada no entardecer, a finíssima garoa ia diminuindo de intensidade, cessando calmamente, parou!

Lá de cima da casa, enquanto empilhava as telhas, ele vê num só golpe, o vento esparramar as folhas da nogueira, recém varridas e amontoadas no quintal.

De súbito, ouve um barulho que espanta os pardais! Surpreso, seu olhar demora-se naquela cena que lhe rouba os sentidos, os pequenos dentes afiados, borrados de um batom vermelho, liquido, manchando a presa incauta, a debater-se angustiada.

Aquela imagem dos caninos maculados e sanguíneos fez lembrar-se que Priscila, ao tomar o cafezinho do intervalo, sempre manchava os copos descartáveis com seu batom da mesma cor.

Como era prazeroso contemplá-la soltando a tiara e jogar as faustas madeixas enviesadas, derrubando dinastias, altaneira, com aquele sorriso bicolor, os olhos grandes, límpidos e cativantes.

A cena era impactante! Matrinchã soltava um miado a cada exatos quatro segundos, mas um miado que só se ouvia nas suas incursões amorosas, tenso, arfante, esganiçado, irrequieto, como que alertando: não se aproxime! Não se aproxime!

Em vão a asinha do pequeno pardal, fremia súplice debaixo das suas luvas macias, entremeadas de laminas lépidas e recém esmeriladas.

Priscila nunca batia as metas de vendas, mas era soberana em fulminar corações ao léu, jogando-os as traças. O sorriso malicioso, quase sempre se transformava em uma gargalhada sonora para os céus, enquanto zombava dos enamorados:

" Pobres cães famintos que ladram o amor em sonhos de pedra!"

Seu corpo coleante, felinamente delgado, rosnando sob carícias, porejando o verbo amar.
 Como mexia naquela flor da tiara, como vasculhava aquele estojo de strass.

Dizia-nos insinuante, enquanto mordia lânguidamente outro copinho barulhento:
     
        " O mar torna-se volátil, quando os sonhos fremem de amor."

Certo dia apareceu triste, balbuciando uma dor incontida, trazendo nos olhos baixios, doridas nuvens que restaram de um céu despedaçado.

Priscila

Ela não possuía em um dos pés o dedinho miudinho, mas tinha trinta e dois dentes divinamente alinhados, ciranda efusiva que imitava com perfeição, feiticeiros diamantes de neve.

 Ao voltar-se para as telhas úmidas, ele ainda notará que Matrinchã, entre
penas & verbenas, agora lambia as patinhas, dócil e inofensivo,
como um beijo matinal.






by  DAVI CARTES ALVES

Este conto foi produzido na Oficina de Contos, da Fundação Cultural de Curitiba, sob as balizas da professora e escritora , Assionara Souza.

























Muita calma nessa hora!!!





             

Naus que não retornaram





Naus que não retornaram
das chamas de um mar brincalhão






Recomeçar



 Quando a dor dá um tempo
precisamos fazer das lágrimas
flores de cristal
porque o bonde da vida
já virou lá na esquina
e as plantas sequer
   foram regadas.



by  DAVI CARTES ALVES

sábado, 13 de novembro de 2010

Teus Lábios



Em teus lábios
onde o amor viceja
coração
 ferido de morte
verseja

Lábios
de mar sedento
 estes seus
saciando a sede
dos meus



by  DAVI CARTES ALVES

Quem foi que fez???



 Não, não foram vocês não!
    
                Foram:




               


.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

garoa colorida





Teus ventos sorriem
 garoas multicoloridas
fazendo cósquinhas
nos patos, em mim
e  nas poças d'água






segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Czesc, Jak sie pan [I] miewa ?







No cesto de vime alguns novelos ainda plastificados, sufocadas, as cores intensas suplicam liberdade.

No vasinho de porcelana, o pequenino e solitário botão de violeta, já ensaia seu incenso,  errando no ar uma fragrância primaveril.

A retina trêmula, a tez vincada, a alma leve usufrui  “a paz que há nos olhos do boi”,

Lembranças lhe acarinham com asas suaves, e a cada vagaroso e lânguido piscar de olhos, doces slides do passado jorram frescor nas folhas aveludadas da violeta.


Desdobra a carta que nos últimos dias tem lido uma e muitas vezes, palavras fagueiras conduzem-na ao passado, levando-a bem longe de sua agora, tão ruidosa Araucária e de tantos familiares.

Depois de ler a carta, outro leve sorriso  lhe afaga os mais tênues sensores d’alma.

De repente, sua irmã chega, fecha a sombrinha que a protege do sol forte, tirando-a dos seus devaneios e saudades, acolhe a dócil anciã, num efusivo beijo primaveril :

Czesc, jak sie pahn[i] mieva?!?




by  DAVI CARTES ALVES