No cesto de vime alguns novelos ainda plastificados, sufocadas, as cores intensas suplicam liberdade.
No vasinho de porcelana, o pequenino e solitário botão de violeta, já ensaia seu incenso, errando no ar uma fragrância primaveril.
A retina trêmula, a tez vincada, a alma leve usufrui “a paz que há nos olhos do boi”,
Lembranças lhe acarinham com asas suaves, e a cada vagaroso e lânguido piscar de olhos, doces slides do passado jorram frescor nas folhas aveludadas da violeta.
Desdobra a carta que nos últimos dias tem lido uma e muitas vezes, palavras fagueiras conduzem-na ao passado, levando-a bem longe de sua agora, tão ruidosa Araucária e de tantos familiares.
Depois de ler a carta, outro leve sorriso lhe afaga os mais tênues sensores d’alma.
De repente, sua irmã chega, fecha a sombrinha que a protege do sol forte, tirando-a dos seus devaneios e saudades, acolhe a dócil anciã, num efusivo beijo primaveril :
Czesc, jak sie pahn[i] mieva?!?
by DAVI CARTES ALVES
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