domingo, 28 de novembro de 2010

Brechó de Versos de Amor





Uma frase doce
confeita num breve sorriso
como suave palpitar
de pequenas borboletas brancas
sobre a campânula carmim

derramas luz da aurora
qual flor de pandora
usufruo todo o seu mel
nesta hora

esta doçura
que a tantos fascina
nesta ternura
que não pede rima

suavidade de folha que cai
beijo macaio
que pousa e se esvai
ora, bálsamo
para alma ressequida
ora, riacho que canta
uma música ressentida
poema

descansar sob revoada
destes pássaros mansos
que trespassam cativantes
no céu opala dos teus olhos

bojo de delícias
derramadas por
sublime orquídea
ou luminosa estrelicía

ouvir sua voz maviosa,
que transpassa a alma
como uma colcha sedosa
Voz tão escassa
como o cometa Haley
porém quando surge assim, musical
parece adoçada
com três colherinhas de açúcar
e nada de sal

suas amigas dizem hibernar
sob os melífluos remansos da tua alma
Etnas, Vesuvios e Katrinas?
Mas tu extrai a cada novo dia
para fascinar a todos
meigas, lindas e ingênuas meninas??

a vida não deixou de te chamar pra vivê-la!
Hoje, lhe sopraria uma brisa meliflua,
Um afago em seu cabelo,
uma carícia em seu rosto
pra gentilmente convencê-la
e pra si também tê-la.

Tua perene beleza
tua ternura de vinho,
frescor doce, carinho
deleite suave, atemporal
tua sublime pujança
embebida
em brilho labial

como se a cada piscar de olhos
a cada beijo desses seus lindos cílios
renova-se em sua alma
doce frescor de amanhecer
generosa alvorada,
de ternuras

Não me deixe
Cata-vento sem espadas
magnólias desprezadas
balbuciantes pedras frias
nos cantos úmidos, lúgubres, escuros
das vazias rodovias,
d’alma

Como tu seguras assim,
firmes na mão!
As rédeas do charme, do encanto
e da sedução?
Fazendo-me
 mais um subjugado prisioneiro
do seu vasto império
de fascínio, graciosidade
e paixão

cai outra pétala
da rosa chorosa
a arder numa solidão
de tintas tão belas,
quanto dolorosa.

se ontem me embebi em sonhos doces,
multicoloridos
no travesseiro fagueiro da maciez
do seu colo
hoje acordei ainda extasiado,
mas adentrei num pesadelo
ao ouvir você dizer-me
com olhos taciturnos,
enviesados para o chão:
“ Quero fazer carreira solo ”

E quanto aos nossos sonhos irisados?
os “ projetos encantados
por nós dois armazenados,
acaso já foram arquivados” ?

e aquele sorriso mavioso,
brincando naqueles lábios tão belos
fica impresso no espelho d’alma,
na retina , nas nuvens,
flores, na alvorada
como se derrama-se n'alma
o mel
naquela porçãozinha de vida
naquela luz do paraíso...

sem você
vou me consolar com as rochas
neste império de filisteus
implorar aos espinhos chorosos
atirados do jardim
que afaguem os cabelos meus

senti-lo pressuroso
teu coração de andorinha
em pujante arritmia
sôrve-la neste lindo cálice de lírio
vou do sumo prazer,
ao ápice do desejo,
só me reencontro num delírio

Exorciza d’alma
esses ventos doridos
deixe o céu dos meus olhos
pois pro amor
teu colírio
é um suave pássaro em chamas
é sopro na retina
de areia marinada

Naquele vale em suave declive,
havia um antigo cemitério
ao ver a noite sobrepujar
uma tarde fria e cansada
eis uma anciã de fronte vincada
sombria , encapuzada,
por fina garoa engolfada
a segurar numa reza balbuciante,
uma esquálida rosa negra
por suas lágrimas acariciada,
e numa lápide ilegível e disforme
tem suas pétalas derramadas.

Ela tem saudades
do teu olhar
ouro doce de luar
mar manso
eterno remanso
meu deleite
na continuação de amar

teu olhar
beijo doce de luar
cativas a vislumbrar o teu mel
em cálice de cílios
a debater-se submisso
na tua leveza
em fim aquietam-se
minhas fúrias, as tormentas
meus delírios

Por que meus beijos
não ascendem mais
as lanternas da tua alma sombria?
Vi pingar uma lágrima
na rachadura da tua xícara preferida

Pra onde voaram todas aquelas joaninhas?
Esse ano só deu pra montar essa árvore
com zangões
e algumas muriçocas que voavam de costas
E aquelas bolinhas multicoloridas?

Enfim encontro uma fenda de oxigênio
na maciez de “uns braços” machadianos
mas é só quando começa tua novela

Te esquecer, eu tento
mas me sinto como um sapato
Jogado ao canto do quintal
Sem o seu par, sob a lua da madrugada
Entregue ao gélido relento

Te esquecer, eu tento
Mas me sinto como a estrela
Radiante, palpitante, toda luz
Mas que se perde no cosmos
De sua galáxia
Buraco negro adentro!

Te esquecer, eu tento
Mas ao me lembrar daquele olharzinho dócil
ficar triste, sorumbático, taciturno
confesso ser capaz
de roubar não só os anéis
Mas o piercing ( ranco-lhe da língua )
as maria–chiquinhas,
roubaria pra você,
todo o penduricalho de Saturno

Te esquecer, olha
eu bem que tento!

" O homem bebe o leite da vida
sugando nos vasos túmidos
das sinfonias
" todo o abismo é navegável
a barquinhos de papel"



by   DAVI CARTES ALVES

Um comentário:

José Anchieta disse...

Lindamente divino! Amigo, obrigado por sua visita e comentário já publiquei o seu poema, O blog Linkando Poesias é uma idealização cujo objetivo é o de divulgação do nosso trabalho (autores de textos poéticos ou não) na blogosfera e também o de reunir autores de vários estilos literário (uma e´pecíe de miscêlanea literária), agradando assim um público diversificado. Um abraço