domingo, 26 de fevereiro de 2017

Nuvem dourada de poesia














Luz poetica de um sonho divino
nuvem dourada de poesia
a bela do crepúsculo


Deus no silêncio do lírio
Pés cansados,  detentos
Mar curando a tristeza














sábado, 25 de fevereiro de 2017

Provérbio Indígena






Resultado de imagem para CRIANÇAS INDIGENAS




Os velhos são os donos da história
os adultos são os donos da aldeia
as crianças
 são as donas do mundo







terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Com amor & poesia







Tua boca
tem sopro doce de luar
mas em minha alma
conjuga em chamas
o verbo amar

teu beijo
tem o mel da imortalidade
faz a alma sublevar
entre as suaves sensações
da tenra idade

teu corpo
és bojo macio de tulipa
a recender frescor
de magnólias apaixonadas
banhando em luminoso paraíso
meu taciturno mausoléu

faz-me sentir-se como Hermes
altaneiro, irrequieto
a levar recados
entre a terra e o céu

e hoje
minhas borboletas tagarelas
sonharam 
novamente contigo
 
e acordaram
cochichando em rubor
que só mesmo
dos teus beijos maviosos
flui o mel do paraíso.
 
 
 
 

DAVI CARTES ALVES
 






sábado, 11 de fevereiro de 2017

Amy













Realmente
algumas lembranças
são vestígios
de lágrimas

E nos sonhos
quando choramos
as lágrimas só caem
no dia seguinte
com as pétalas feridas

num que de horas
que se ama mais
de olhar pras nuvens
enchidas de saudade
querendo aplausos
para os dramas que encenam
dos homens

esquecer
pois o amor 
só chega na hora certa
não é bom encontrá-lo
nem muito antes
nem muito depois
e voar batendo asas em vertigem
feito pássaro sem pés
que não consegue pousar
dos céus dos teus encantos

colher as pétalas
que caem das palavras
vislumbre de eternidade
no suave toque entre cílios

 "eu acho suas asas incoerentes
    com as algemas que você carrega"

do amor



DAVI CARTES ALVES





Estes mares em ti














Entre o brilho dos lírios 
o toque entre os cílios 
num mar de delírios

em seus lábios onde o amor viceja
coração ferido de morte, verseja
lábios de mar sedento estes seus
saciando a sede dos meus


nosso céu marchetado
por revoadas de albatrozes 
andorinhas rasantes
na lembrança perene
cenários paradisíacos pintados 
em casquinhas de nozes

só tua alma traz a musica do mar,
marulhar no teu doce realejo
no frescor dos teu abraços,
balbucio, deliro,
versejo

nos teus braços
renascer em uma fonte
de generosa doçura
cárcere paradisíaco
quais flamingos alados 
em ternura

 





  DAVI CARTES ALVES










sábado, 4 de fevereiro de 2017

Ciranda de luas














Soprada como uma leve serragem, salpicada no entardecer, a finíssima garoa ia diminuindo de intensidade, cessando calmamente, parou!

Lá de cima da casa, enquanto empilhava as telhas, ele vê num só golpe, o vento esparramar as folhas da nogueira, recém varridas e amontoadas no quintal.


De súbito, ouve um barulho que espanta os pardais! Surpreso, seu olhar demora-se naquela cena que lhe rouba os sentidos, os pequenos dentes afiados, borrados de um batom vermelho, liquido, manchando a presa incauta, a debater-se angustiada.


Aquela imagem dos caninos maculados e sanguíneos fez lembrar-se que Priscila, ao tomar o cafezinho do intervalo, sempre manchava os copos descartáveis com seu batom da mesma cor.


Como era prazeroso contemplá-la soltando a tiara e jogar as faustas madeixas enviesadas, derrubando dinastias, altaneira, com aquele sorriso bicolor, os olhos grandes, límpidos e cativantes.


A cena era impactante! Matrinchã soltava um miado a cada exatos quatro segundos, mas um miado que só se ouvia nas suas incursões amorosas, tenso, arfante, esganiçado, irrequieto, como que alertando: não se aproxime! Não se aproxime!


Em vão a asinha do pequeno pardal, fremia súplice debaixo das suas luvas macias, entremeadas de laminas lépidas e recém esmeriladas.


Priscila nunca batia as metas de vendas, mas era soberana em fulminar corações, jogando-os as traças. O sorriso malicioso, quase sempre se transformava em uma gargalhada sonora para os céus, enquanto zombava dos enamorados:


" Pobres cães famintos que ladram o amor em sonhos de pedra!"


Seu corpo coleante, felinamente delgado, rosnando sob carícias, porejando o verbo amar.
 Como mexia naquela flor da tiara, como vasculhava aquele estojo de strass.


Dizia-nos insinuante, enquanto mordia languidamente outro copinho barulhento:
     
        " O mar torna-se volátil, quando os sonhos fremem de amor."


Na outra manhã, apareceu triste, balbuciando uma dor incontida, trazendo nos olhos baixios, doridas nuvens que restaram de um céu despedaçado.



Ela não possuía em um dos pés o dedinho miudinho, mas tinha trinta e dois dentes divinamente alinhados, ciranda efusiva que imitava com perfeição, feiticeiros diamantes de neve.


 Ao voltar-se para as telhas úmidas, ele ainda notará que Matrinchã, entre
penas & verbenas, agora lambia as patinhas, dócil e inofensivo,
como um beijo matinal.

Priscila pediu pra não contar o seu segredo: Olha, este assunto é material radioativo, viu? Não pode vazar de jeito nenhum, entendeu? Promete? Enquanto colhia os cabelos, intimidando com sua beleza exuberante o grande espelho ovalado, os braços em arco, como se fosse executar um passo de bailarina, depois foi pra janela, abrindo-a,  assustou-se virando o rosto diante da polifonia agressiva da grande metrópole.

 Olhou com ternura para o vaso de flores já pálidas, mas que daquela altura ainda borrava de belas cores aquele céu cinza-amianto, levou o vaso pra bancada, água, poda e afago.

Um suspiro afetado, sente a brisa e suas carícias na samambaia. Ela olha o relógio novamente, tensa, pela janela vê o cachorro barulhento correr atrás da bicicleta naquele trecho de sempre, separa as flores com carinho e tenta novamente, em vão, a anestesia não pegou de novo, procura outro ponto no caule!

 A tiara caramelo na boca, corrige novamente os cabelos, tenta outra vez, antes,  o caule esta muito fino, desiste!
E com pena, porém resignada, arranca mesmo assim as pétalas feridas da flor, sem a anestesia.

Sentou-se um pouco, olha o formigueiro humano lá embaixo que parece pisoteado de tanta agitação.
Nos olhos, persistem ainda as doridas nuvens que restaram de um céu despedaçado.
Mas a sua motivação era forte como a paz.
Vai passar pela floricultura?


Pensativa, seu olhar interrogava-me.


E os escritos?


Só escrevo com a luz!


 É fotógrafa?



Seus olhos brilhavam diante daquela juventude livre e misteriosa

Quando eram exatamente  09h42,  notou que ela foi ate a janela segurando com as duas mãos, um punhado de algo



O que é isso???


Sorriu,  lhe acariciou com um longo olhar enternecido, e lançou o que era uma pequena porção de pequenos pássaros vermelhos,  pontilhando belamente o céu


Enlevou-se com os tons em vermelho  naquela pintura celeste,  céu de delícias, azul de quimeras, e a música dos pássaros vermelhos bordando mosaicos para o amor

Afinal , quem é você?



Ela preferiu repetir o refrão de sua música preferida:



“ Sou tudo  o que você não pode controlar,


 em algum lugar,

 além da dor.”




Depois vestiu-se e saiu,
de pantalona , cardigã e Gucci Jackie.


No final de semana , o mar agitado, alguns albatrozes,  ela diz que o mar já não é mais o mesmo enquanto frita um filé de cachalote, depois do almoço  corre de pantufas na chuva gritando que os lírios estavam febris nesta manhã, ela ri dos trovões que lhe derramam impropérios  

  repara, absorta num silêncio, que nas miríades de sulcos dos riscos na tabua de carne, há manhãs luminosas, dias de garoa, lágrimas, feriados, o consumo temperado de momentos inesquecíveis, salpicado de ausências e sonhos,  

no emaranhado de vincos, os amores que se foram, relembrados ao longo de um  profundo suspiro, outro toque entre os cílios, um barulho lá fora, o vento sugere uma dança engraçada às roupas no varal, 

lembra que quando criança, a paixão de cortar os longos cílios de velhas bonecas e costurando-os minuciosamente, bordar num singular mosaico de tramas , estojinhos para quinquilharias

Com as unhas longas e impecáveis, tamborila sua música preferida em um dos suportes frios do ponto de ônibus. Repara caírem em intervalos precisos na pequena poça d’água, pingos que iniciam uma fina garoa, sem querer,  espanta os pardaizinhos  quando estoura outra bola do chicle metade uva metade laranja.

após o almoço , uma visita  a pitoresca cidadezinha praiana  , quando repara novamente na praça a presença daquele homem estranho, percebe que ele não reagiu aos evangélicos lhe entregando o panfleto, nem os olhou, todos os dias a mesma cena, encostado na amurada, depois senta no banco, imóvel, os olhos fixos no pequeno córrego, as crianças chegam no mesmo horário, trazendo bola e a algazarra, provocando-o, brincando de dar susto, Ehhh! Ehh ! Hei!

E ele tão frio e indiferente como uma rocha sob o musgo, o sabiá mais pertinho, o joão de barro já rente a seus pés, outros pássaros mais ousados, e ele sempre de costas para a vida que jorra na rua, quieto, indiferente ao murmúrio do comércio, a balbúrdia dos feirantes, e toda polifonia do cotidiano, quando a tantas do folguedo dos pequenos, a bola bate em suas costas, outro silêncio e os moleques petrificados,



mas ele sequer virou-se, os meninos apenas paravam o jogo, diante de seu andar desacertado, seu tossir esganiçado, seu arfar descompassado, por nascer meio corcunda, e o golpe de misericórdia, apaixonar-se tão febrilmente pela atendente tímida da floricultura mais sortida daquela região






Depois foi ao cinema , assistir o filme " Paçoca para cachalotes ", 13 estatuetas no Oscar, fulminando Ben Hur , Titanic e Forrest Gump,  neste filme chama atenção dela de uma forma toda especial o momento em que Zeré e seus amigos caminhavam a beira mar, os garotos já estavam muito cansados, exaustos, ao longe avistaram um bando de cães, diferentes, canhestros, esverdeados, os cães começaram latir, mas latiam em slow motion, e dos seus latidos formou-se uma espécie de gaze, um véu lilás que cobriu todo o mar, que agora exalava uma fina e perfumada fumaça salmão, sublevando e balbuciando uma canção de ninar, seria o icenso das sereias, emergindo do imenso e colorido véu sonoro?

 Os peixes quando pulavam com aqueles repentinos saltos coleantes fora d'água, transmutavam-se prontamente em gaivotas de neon, e ascendiam em meio a grandes arraias e bailarinas evanescentes, dos bicos das gaivotas, derramava-se barquinhos de papel kraft, caindo suavemente no mar lilás e levando nenês de colo , e as crianças davam um sorrisinho pueril, daqueles com apenas dois dentinhos na gengivinha. 

 Quando tudo se fechou e sumiu no piscar dos grandes olhos verde esmeralda, velados por longos cílios de uma bela fada-sereia, olhos que caíram na areia entre os garotos como duas lindas bolinhas de gude no intervalo barulhento do recreio, e uma buzina fez os garotos olharem  de súbito para a rua, como uma alcateia dormindo que ouve um tiro no cio da noite e levantam as cabeças em uníssono, todas ao mesmo tempo, e na rua a buzina era do ônibus Sacre-Couer, levando lindas garotas que mascavam chicle de bola , metade uva, metade laranja.

E de repente bate o sinal de retorno a sala, mas tão forte e tão estridente, que os meninos tapam os ouvidos e fecham os olhos com muita força, e quando abrem , sentem um frio enorme na barriga, sim, pois estão escorregando veloz e efusivamente nos tobogãs do arco-íris, Zeré e seus amigos , no belo arcobaleno.

Para ela, o mundo jamais será o mesmo depois daquela experiência.

Os dias são lépidos e vorazes, 
persisti a dúvida:  se compra um novo carro ou se faz um passeio de balão sobre as fazendas de girassóis a noroeste, ela imaginou-se entre os balões coloridos passeando suavemente sobre  o brilho daquele mar dourado, 


mas ultimamente  deleita-se no cuidado com as flores, terapia dos deuses do amor, foi quando pediu pra não contar o seu segredo


Depois, a dor no peito voltara muito mais intensa, tonturas e muitas, muitas vozes,  pessoas ou seriam fragmentos delas, imagens ,  slides disformes, e a música, novamente, aquela música da infância junto com outras imagens ...



As mais Belas Fotografias em Preto e Branco/ Fotos p&b - 02






o volume diminui calmamente.

A chama cambiante da vela deu a última gingada diante daquela vida que se debatia,  restando apenas o círculo disforme e inacabado de cera no pirex de flores sem cor, os olhos fecharam-se suavemente no ultimo beijo dos cílios?

Tudo se consumindo e diluindo-se num único grão de terra, num último píxel.

Ainda ouvira o som como que de uma revoada de pássaros em debandada num céu de ametista, que garoava pétalas amarelas de crisântemo...



Acorda ofegante, derruba a garrafinha d’água, tateando pelo abajur


Agora são outros sonhos? Ou pesadelos 

Levanta, reage, anima-se 

Quando lhe sorri uma ideia, pois ela gosta mesmo,

é de caminhar à beira mar...








DAVI CARTES ALVES