quarta-feira, 27 de maio de 2009

VENTA A DOR NESTE MAR DE QUERER-TE

No fim da tarde calma
sinto que a saudade é doce melancolia
ao observar esta rua sem saída
rua nua
já se foram as ruidosas crianças
apenas restos de tijolos enjeitados
no vaso derrubado
resíduos de um lírio estéril

deita-se dolorido o domingo vespertino
balbuciante sob os arrebóis escarlates
que tingem a candidez
de olhos pisoteados

nos ocasos d’alma
secura ardente, retalhos
na retina tesa,
orvalhos

o bosque dos folguedos, aquieta-se
a corrente suave do rio
leva maviosas esperanças,
eis o denso vazio

ser-te mar
turvo ou cristalino
para o fel de Poseidon
ou mar para o melífluo lual do nosso amor
ser-te mar generoso, mas você indiferente
na alvura da espuma
pinga o sangue em dissabor

rochedo frio, soberano
sobre este mar sonoro e agitado a contemplar-te
rochedo altaneiro sobre as vagas que se ajoelham
esparramam-se reverentes
aos teus pés de abrolhos

ser-te mar
onde venta forte a dor.


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