sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Crepuscular





Há no ambiente 
um murmúrio de queixume,
de desejos de amor, 
d'ais comprimidos
uma ternura esparsa de balidos,

sente-se esmorecer como um perfume
as madressilvas murcham nos silvados
  e o aroma que exalam pelo espaço,
tem delíquios de gozo e de cansaço,
nervosos, femininos, delicados,

sentem-se espasmos, agonias d'ave,
inapreensíveis, mínimas, serenas...
  tenho entre as mãos 
as tuas mãos pequenas,
  o meu olhar no teu olhar suave

as tuas mãos tão brancas d'anemia...
os teus olhos tão meigos de tristeza...
  é este enlanguescer da natureza,
este vago sofrer do fim do dia.



Camilo Pessanha















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