O esforço é grande e o homem é pequeno
eu, Diogo Cão, navegador, deixei
este padrão ao pé do areal moreno
e para diante naveguei
eu, Diogo Cão, navegador, deixei
este padrão ao pé do areal moreno
e para diante naveguei
A alma é divina e a obra é imperfeita
este padrão sinala ao vento e aos céus
que, da obra ousada, é minha a parte feita:
o por-fazer
é só com Deus
E ao imenso e possível oceano
ensinam estas Quinas, que aqui vês,
que o mar com fim será grego ou romano:
o mar sem fim é português
E a Cruz ao alto
diz que o que me há na alma
e faz a febre em mim de navegar
só encontrará de Deus na eterna calma
o porto sempre por achar
ensinam estas Quinas, que aqui vês,
que o mar com fim será grego ou romano:
o mar sem fim é português
E a Cruz ao alto
diz que o que me há na alma
e faz a febre em mim de navegar
só encontrará de Deus na eterna calma
o porto sempre por achar
Fernando Pessoa
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