segunda-feira, 29 de junho de 2015

Inverno











Lá fora o inverno
restam algumas flores baldias
resistindo heroicamente 

ao algoz de gelo

Jazem lânguidas,
lívidas e esquecidas


O sopro da morte
borrifado através da brisa crestante
faz com que desfolhadas
balbuciem o último suspiro


Prematuros suicidas
incauto namorado
a flor do ipê dourado
fulminado
com a azaleia rosicler


assim partiram também
o teu sorriso e meu encanto
naquela noite de inverno
melados de quentão
na feira do pinhão
aquecida ilusão


debaixo deste céu de chumbo
deslizas altaneira
neste calçadão de gelo


teu charme em relevo
emaranhado em cachecóis
me enlevam, me arrebatam
despretensiosamente
sem apelos


linda
ficas ainda mais bela
de sobretudo caramelo
os anéis dos seus cabelos
me anelam


ao roubarem beijos
dos teus lábios de mel
como travessos colibris.




  DAVI CARTES ALVES



















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