domingo, 30 de abril de 2017

Populus - Belchior








Populus, meu cão...
o escravo, indiferente, que trabalha
e, por presente, tem migalhas sobre o chão
Populus, meu cão

Primeiro, foi seu pai,
segundo, seu irmão;
terceiro, agora, é ele... agora é ele,
de geração, em geração, em geração

No congresso do medo internacional
ouvi o segredo do enredo final
sobre Populus, meu cão:
documento oficial, em
testamento especial,
sobre a morte, sem razão
de Populus, meu cão

Populus, Populus, Populus, meu chão
Delírios sanguíneos
espumas nos teus lábios...
tudo em vão

Tenho medo de Populus, meu cão,
roto no esgoto do porão
seu olhar de quase gente,
as fileiras dos seus dentes...
trago o rosto marcado
e eles me conhecerão, me conhecerão

Populus, Populus, Populus, meu cão





Belchior






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