quarta-feira, 2 de março de 2011

Lumes





Esta noite
a lua não bebeu do teu sorriso,
e resmungando, vaporosa
embriagou-se com Narciso




“ Tudo é passível de brotos
                    basta um fio de ternura persistindo.”


“ Há homens fluviais,
aqueles que fertilizam várias gerações
     com suas idéias ”

“ O mar é um morrer sucessivo
e um viver permanente,
ele se desfolha em ondas,
e não para de brotar... ”


“ O escritor constrói uma casa de palavras,
 para ouvir o silêncio interior.”




“ Ele não tem os dedos frágeis,
de quem abre o cristal do afeto,
a seda do carinho,
e os laços da paixão ”

“ Se alguém me perguntar
se a crônica é um gênero menor,
 responderei que não há gêneros menores,
 há pessoas menores ou maiores,
 diante de certos gêneros. ”

Cada idade tem seu esplendor.
É um equívoco pensá-lo apenas
como um relâmpago de juventude,
 um brilho de raquetes e pernas
 sobre as praias do tempo.
 Cada idade tem o seu brilho
e é preciso que cada um descubra
o fulgor do próprio corpo ”






“ A trepadeira no terraço,
 que avança dois-três centímetros cada jornada,
 seguindo o fio de náilon do tempo,
me ensina a direção das coisas.
O vento sopra pelas costas de suas folhas
 e ela navega verde pela pilastra
como uma caravela
reinventando o seu concreto mar. ”
 
“ Fazer 30 anos é coisa fina,
é começar a provar do néctar dos deuses
e descobrir que sabor tem a eternidade.
O paladar, o tato, o olfato,
a visão e todos os sentidos
estão começando a tirar
prazeres indizíveis das coisas.

É como a ave que canta,
não para se denunciar,
senão para amanhecer.
Chegar aos 30 é hora de se abismar.
Por isso é necessário ter asas,
 e sobre o abismo voar. Fazer 30 anos,
bem poderia dizer Clarice Lispector,
é cair em área sagrada.

" Um dia eu fiz 30 anos...,
era um homem e seus 30 anos,
um homem e seus 30 corpos,
como os anéis de um tronco,
 cheio de eus e nós, arborizado
 e arborizando, ao sol e a sós ...
Já se sabe que um tempo em nós destila,
que no tempo nos deslocamos,
que no tempo a gente se dilui e se dilema”

" De volta pra casa
na bolsa um poema
a viagem
valeu apena"



Afonso Romano de Sant'Anna
Marina Colasanti
Davi Cartes Aves
e outros autores



Tela de Leonid Afremov









Nenhum comentário: