Chama cambiante,
salamandra irrequieta,
vulto-sopro sensual
a desferir laminas & volúpias
costurados em vestido,
seda escarlate
bela dançarina flamenca,
sapateias na voraz ilusão
de possuir-te,
sou teu emudecido espectador
enternecido camponês madrilenho
na viril multidão estupefata,
petrificada
alma ferina, charme provocante,
meneios e requebros asfixiantes
ritmo vigoroso, estonteante
olhares fulminantes de desprezo,
hipnose
num enlear-se apaixonante
partis-te meu coração ao meio
e fizestes dele
castanholas escarlates
a produzir musicalidade vigorosa,
causticante n’alma
palpitante rosa cálida
dardejando nos sentidos
tuas pétalas de fogo
qual revoada
de pássaros incendiados
tua presença embevece,
engolfa-me
em delirius & devaneios
na maviosa sonoridade
que enfeitiça e emudece
cravos imprestáveis,
touros indomáveis,
na arena milenar
nos confins
da Andaluzia.
da Andaluzia.
Davi Cartes Alves
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