sábado, 25 de junho de 2011

de pantalona, cardigã e Gucci Jackie





Pediu pra não contar o seu segredo: Olha, este assunto é material radioativo, viu? Não pode vazar de jeito nenhum, entendeu? Promete? Enquanto colhia os cabelos, intimidando com sua beleza exuberante o grande espelho ovalado, os braços em arco, como se fosse executar um passo de bailarina, depois foi pra janela, abrindo-a,  assustou-se virando o rosto diante da polifonia agressiva da grande metrópole.

 Olhou com ternura para o vaso de flores já pálidas, mas que daquela altura ainda borrava de belas cores aquele céu cinza-amianto, levou o vaso pra bancada, água, poda e afago.

Um suspiro afetado, sente a brisa e suas carícias na samambaia. Ela olha o relógio novamente, tensa, pela janela, vê o cachorro barulhento correr atrás da bicicleta naquele trecho de sempre, separa as flores com carinho e tenta novamente, em vão, a anestesia não pegou de novo, droga!

 A tiara caramelo na boca, corrige novamente os cabelos, tenta outra vez, antes, mais uma tragada no cigarro, mas não tem jeito, o caule esta muito fino, desiste!
E com pena, porém resignada, arranca mesmo assim as pétalas feridas da flor, sem a anestesia.

Sentou-se um pouco, olha o formigueiro humano lá embaixo que parece pisoteado de tanta agitação.
Nos olhos, persistem ainda as doridas nuvens que restaram, de um céu despedaçado.
Vai passar pela floricultura?

Depois vestiu-se e saiu,
de pantalona , cardigã e Gucci Jackie.



 DAVI CARTES ALVES


imagem google



























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