sábado, 22 de setembro de 2012

Amanhecer






Vê pelas janelas úmidas d’alma
aquelas mesmas folhas
e o vento lançando-as
dominando-as,
em uma dança sensual

vertigem em espiral
como o rodopiar 
de uma bailarina
na neblina densa
do ocaso taciturno

o sopro da noite 
entra pelas frestas
e traz uma cantinela triste
folheia sobre a mesa
duas páginas do livro
de soturnas poesias

um suspiro profundo, cadenciado
é o estribilho que sobrou
do resto da noite fria
que não recebeu o banho de luz
que há no paraíso
dos teus olhos ternos e distantes

derramados na lembrança
pelo caldo de luar
que banha a bailarina
em seu vestido de folhas....


amanhecer






 DAVI CARTES ALVES


















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