quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Sugestão








Sede assim 
qualquer coisa
serena, isenta, fiel

Flor que se cumpre,
sem pergunta

Onda que se esforça,
por exercício desinteressado

Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados
e os soldados já frios

Também como este ar da noite:
sussurrante de silêncios,
cheio de nascimentos 
e pétalas

Igual à pedra detida,
sustentando seu demorado destino.
E à nuvem, leve e bela,
vivendo de nunca chegar a ser

À cigarra, 
queimando-se em música,
ao camelo que mastiga sua longa solidão,
ao pássaro que procura o fim do mundo,
ao boi que vai com inocência
 para a morte

Sede assim qualquer coisa
serena, isenta, fiel

Não como o resto dos homens
 



Cecília Meireles











Um comentário:

Elisa T. Campos disse...

Depois de um magnífico verso sobre a fúria do mar, este de Cecília Meireles. Intenso ou sereno são meus poetas.

Um lindo dia.
Um abraço.