O PAPEL DO ESCRITOR NA SOCIEDADE
A autora, neste romance, serve a leitores famintos, uma cesta generosa de tantas virtudes de linguagem e imagens, para nos saciarmos ao máximo, nos regalarmos até lambermos os dedos.
“ As vezes me da vontade, de te servir sopa quente, te colocar pra dormir, te dar um beijo na testa, e quando acordares, te mostrar o esplendor da vida”.
Assim, ela apresenta-nos o retrato de um grande numero de mulheres brasileiras, através da personagem alagoana , como Clarice enfatiza “(...) milhares são como ela(...)” .
A escritora nos faz experimentar neste romance, em díspares matizes, diversos painéis de sensibilidade, que emolduram de forma ímpar, Macabéia e seu entorno, “pintados” pela autora com extrema delicadeza e poesia, destacando, que é papel do escritor na sociedade, sensibilizar os seus leitores, quanto aquelas almas frágeis, carentes e desprezadas, restritas aos interstícios do ostracismo, da indiferença, do descaso, bem como da privação a dignidade humana, triste legado que as desigualdades sociais e a falta de oportunidades, podem fatalmente vitimar.
Ademais, em A hora da estrela, notamos o quanto a ficção literária pode de fato, ser definida como a transfiguração da realidade, ou até mesmo, uma cópia dela.
Afinal, que mulher, ou homem, quem de nós já não se sentiu como Macabéia? Na sua solidão, na sua melancolia, na sua tristeza? Na sua pequenez?
Quem de nós em algum momento de nossas vidas, já não dividiu com ela, seu olhar singelo, desprovido de ambições e de fulgores, sobre a vida e as pretensões, bastando a si próprio?
Quem de nós, como Macabéia, a rosa "esquálida" cor de canela, não se limitou a buscar refugio, em nossos próprios jardins, “entre plantas e galinhas”, ou não buscou guarida tão somente, em nossos frágeis castelos de papel ou areia?
Parte do trabalho feito para o Curso de Letras, sobre Clarice Lispector.
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