domingo, 16 de maio de 2010

JÁ VOU-ME EMBORA


 

 Já vou-me embora
deixar de uma vez por todas
o mel nas tintas tão rubras
nos teus lábios de amora

minha pequena lua nua
louçania de tulipa
que se ama e se adora

na varanda da nossa paixão
sobre um mar de arco – íris
engolfou-se céu de cinzas
aguilhoadas de escorpião

só resta-me ir embora
pois jamais devia derrubar
mas jamais devia vasculhar
na tua caixinha de Pandora

Sim, vou-me embora
deixar de uma vez por todas
de esmaltar tuas velhas promessas
de servi-las em coloridas travessas
mas que pelas janelas d’alma
você sempre as arremessa

deixar de gritar teu nome
ora, como estocadas de cimitarras
ora, como porções melífluas de amor
que num corpete tecido por ninfas
você sedutoramente amarras

ir embora
e deixar de suplicar teu nome
como um refrão de vida e luz
que ora dissolve ora revigora
no frio ou no calor das horas

Já vou-me embora,
mas só me diga,
como viver sem você?
Minha pequena lua nua
louçania de tulipa
que se ama e se adora?


by   DAVI CARTES ALVES
















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