Quem me quiser
há de saber as conchas
a cantiga dos búzios
a cantiga dos búzios
e do mar
Quem me quiser
há de saber as ondas
e a verde tentação
e a verde tentação
de naufragar
Quem me quiser
há de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que
há no inverno
Quem me quiser
há de saber a chuva
que põe colares de pérolas
que põe colares de pérolas
nos ombros
há de saber os beijos e as uvas
há de saber as asas
há de saber os beijos e as uvas
há de saber as asas
e os pombos
Quem me quiser
há de saber os medos
que passam nos abismos
infinitos
a nudez clamorosa
que passam nos abismos
infinitos
a nudez clamorosa
dos meus dedos
o salmo penitente
dos meus gritos
Quem me quiser
há de saber a espuma
em que sou turbilhão,
subitamente
ou então não saber
coisa nenhuma
e embalar-me ao peito,
em que sou turbilhão,
subitamente
ou então não saber
coisa nenhuma
e embalar-me ao peito,
simplesmente
Rosa Lobato de Faria – Escritora Portuguesa
2 comentários:
Lindo. Lindo.
Não conhecia.
Um grande abraço.
Voltei.
É esta a minha antiga configuração.
Uma linda semana para você.
Abraços.
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