sexta-feira, 22 de junho de 2012

Inverno






Lá fora o inverno
restam algumas flores baldias
resistindo heróicamente ao algoz de gelo
Jazem lânguidas, lívidas e esquecidas

O sopro da morte,
borrifado atravéz da brisa crestante
faz com que desfolhadas
balbuciem o último suspiro

Prematuros suicídas
Incauto namorado
A flor do ipê dourado
fulminado
com a azaléia rosiclér

Assim partiram também
o teu sorriso e o meu desejo
melados de quentão
naquela noite de inverno
na feira do pinhão

debaixo deste céu de chumbo
deslizas altaneira
neste calçadão de gelo
teu charme em relevo
emaranhado em cachecóis
me enlevam, me arrebatam
despretensiosamente,
sem apelo

linda ninfa
ficas ainda mais bela
de sobretudo caramelo
os anéis dos seus cabelos
 me anelam
ao roubarem beijos
 dos seus lábios de mel
como travessos colibris.
 


DAVI CARTES ALVES





Um comentário:

Elisa T. Campos disse...

De onde vem tão linda inspiração?
Lindo. lindo.

Um abraço.