segunda-feira, 23 de agosto de 2010

ZERÉ E O ARCOBALENO



Zeré e seus amigos caminhavam a beira mar, os garotos ja estavam muito cansados, exaustos, ao longe avistaram um bando de cães, diferentes, canhestros, esverdeados, os cães começaram latir, mas latiam em slow motion, e dos seus latidos formou-se uma espécie de gaze, um véu lilás que cobriu todo o mar, que agora exalava uma fina e perfumada fumaça salmão, sublevando e balbuciando uma canção de ninar, seria o icenso das sereias, emergindo do imenso e colorido véu sonoro?

 Os peixes quando pulavam com aqueles repentinos saltos coleantes fora d'água, transmutavam-se prontamente em gaivotas de neon, e ascendiam em meio a grandes arraias e bailarinas evanescentes, dos bicos das gaivotas, derramava-se barquinhos de papel kraft, caindo suavemente no mar lilás e levando nenês de colo , e as crianças davam um sorrisinho pueril, daqueles com apenas dois dentinhos na gengivinha. E davam tchauzinhos. Lindo demais!!!

 Quando tudo se fechou e sumiu no piscar dos grandes olhos verde esmeralda, velados por longos cílios de uma bela fada-sereia, olhos que caíram na areia entre os garotos como duas lindas bolinhas de gude no intervalo barulhento do recreio, e uma buzina fez os garotos olharem  de subito para a rua, como uma alcatéia dormindo que ouve um tiro no cio da noite e levantam as cabeças em uníssono, todas ao mesmo tempo, e na rua a buzina era do ônibus Sacre-Couer, levando lindas garotas que mascavam chicle de bola , metade uva, metade laranja, lembra?

E de repente bate o sinal de retorno a sala, mas tão forte e tão estridente, que os meninos tapam os ouvidos e fecham os olhos com muita força, dói, e quando abrem , sentem um frio enorme na barriga, sim, pois estão escorregando veloz e efusivamente nos tobogans do arco-íris, Zeré e seus amigos , no belo arcobaleno.

Zeré tinha um sonho, aprender falar em italiano.


by  DAVI CARTES ALVES

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