sábado, 15 de janeiro de 2011

Alma Flamenca





Chama cambiante,
salamandra irrequieta,
vulto-sopro sensual
a desferir laminas & volúpias
costurados em vestido,
em arraias de seda

bela dançarina flamenca,
sapateias na voraz ilusão de possuir-te,
sou teu emudecido espectador
enternecido camponês madrilenho
na viril multidão estupefata,
petrificada

alma ferina, charme provocante,
meneios e requebros asfixiantes
ritmo vigoroso, estonteante
olhares fulminantes de desprezo,
hipnose
num enlear-se apaixonante

partiste meu coração ao meio
e fizestes dele
castanholas escarlates
a produzir musicalidade vigorosa,
causticante n’alma

palpitante rosa cálida
dardejando nos sentidos
tuas pétalas de fogo
qual revoada
de pássaros incendiados

tua presença embevece,
engolfa-me
em delirius & devaneios
na maviosa sonoridade
que enfeitiça e emudece

cravos imprestáveis,
touros indomáveis,
na arena milenar
dos confins da Andaluzia.



Davi Cartes Alves









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